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Críticas e análises sobre o universo da televisão e das plataformas de streaming

As indiretas políticas por trás das cores de ‘A Casa do Dragão’

Tom de vestido usado por Alicent no casamento de Rhaenyra manda recado a apoiadores e marca divisão entre verdes e negros

Por Amanda Capuano Atualizado em 19 set 2022, 16h05 - Publicado em 19 set 2022, 12h54

O salão do castelo estava repleto de famílias influentes quando a rainha Alicent Hightower fez sua entrada triunfal no casamento da enteada e ex-melhor amiga Rhaenyra Targaryen. Atrasada, Alicent roubou a cena em meio ao discurso do rei, desfilando sob os olhos de uma multidão que observava atentamente seus passos. O que chamou a atenção, no entanto, não foi sua beleza ou atraso deliberado, mas o tom do vestido que escolheu para a ocasião – “O farol de Hightower. Sabe de que cor ele brilha quando chamam seus aliados para a guerra?”, questiona Larys Strong (Matthew Needham) ao irmão Harwin (Ryan Corr). “Verde?”, responde ele, laçando um olhar efusivo para as roupas da rainha.

A escolha, é claro, não foi aleatória. Pouco antes, ao se despedir do pai, Alicent foi alertada que deveria preparar o filho Aegon para reinar, ou acabaria tendo sua linhagem sacrificada por Rhaenyra, herdeira do Trono de Ferro. Sentindo-se traída pela mentira da enteada, que garantiu a ela que ainda era virgem, e influenciada pelo pai maquiavélico, Alicent escolheu o verde como uma declaração de guerra velada: quando a casa Hightower precisa chamar seus aliados para o combate, a chama no topo do castelo vai do vermelho ao verde, mandando um recado visual a seus apoiadores. O simbolismo foi captado pelos aliados mais atentos, que ofereceram apoio à rainha durante o quinto episódio de A Casa do Dragão.

Elegante e calculadamente escolhido, o traje relembra as mensagens políticas por trás das cores nos Sete Reinos. Tom da casa Hightower, o verde passará a ser usado como sinônimo dos apoiadores da rainha, que defendem a ascensão ao trono de Aegon, filho homem do Rei Viserys e ainda criança. Do outro lado da guerra ficam os negros (ou pretos), que defendem o reinado de Rhaenyra, primogênita de Viserys, nomeada por ele como herdeira do trono – a cor, assim como no caso dos verdes, vem dos tons tradicionalmente usados pela casa Targaryen ao longo de seu domínio, o vermelho e o preto.

Mais que simples cores, porém, os tons marcam duas facções com visões políticas antagônicas no universo de Westeros, as quais duelarão pelo Trono de Ferro mais ou menos com a lógica dos estados vermelhos e azuis nas eleições americanas – em que o vermelho marca apoio aos republicanos e o azul, aos democratas. Motivados pelo conservadorismo, e presos às tradições machistas dos Sete Reinos, que até então permitiam que apenas homens governassem, os verdes não aceitam que uma mulher ascenda ao poder, e enxergam Aegon como herdeiro legítimo do rei Viserys. Já os negros, mais liberais no trato com a tradição, e leais à escolha de Viserys, adotam Rhaenyra como futura rainha, opondo-se a Alicent na guerra sutilmente declarada por ela ao escolher o verde para o casamento de Rhaenyra.

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