Como a Apple TV+ se tornou casa das melhores séries do momento
Prima rica dos streamings, plataforma que começou como um ‘brinde’ para clientes da marca agora se destaca nas indicações ao Emmy

Lá em 2019, Tim Cook, CEO da Apple, anunciou que a empresa lançaria uma plataforma de streaming com séries e filmes em moldes parecidos com o da Netflix, a pioneira do ramo. A expectativa então foi alta, afinal, a empresa trilionária iria investir pesado – leia-se, ia jogar muito dinheiro – na indústria do audiovisual. Naquele ano, a Apple TV+ lançou sua primeira série original, a distopia See, com Jason Momoa. Em seguida, vieram o drama The Morning Show, com Jennifer Aniston e Reese Witherspoon, e a ficção científica For All Mankind. A promessa, então, não correspondeu às expectativas. Mesmo com investimento altíssimo, as séries não eram lá grande coisa. Ao que tudo indicava, o streaming da empresa seria apenas um brinde de luxo para os usuários da marca – já que a assinatura era gratuita por um ano para quem adquirisse um novo celular ou computador da Apple. De lá para cá muita coisa mudou, que bom.
Nesta terça-feira, 15, o anúncio dos indicados ao Emmy marcou um recorde para a Apple TV+, que conquistou 81 indicações ao prêmio com 12 produções, entre categorias principais e técnicas. A plataforma ainda pode se gabar de ser dona da série com o maior número de indicações: Ruptura teve 27 nomeações – seguida de Pinguim, da HBO Max, com 24; O Estúdio, também da Apple, com 23, empatada com The White Lotus, outra da HBO Max. A disputa acirrada com a HBO, recordista de indicações, é um sinal excelente para a Apple: a prima rica, enfim, mostrou a que veio.
Por que as séries da Apple TV+ são boas
De 2019 para cá, a plataforma aumentou exponencialmente o número de produções e fez apostas ousadas, especialmente no campo da ficção científica, um gênero caro de se produzir. Dessa seara saiu a estrondosa Ruptura, sobre uma estranha empresa que divide o cérebro de seus funcionários, e superproduções como Silo e Fundação e outras excelentes, mas menos conhecidas, como Matéria Escura e Constelação. Há também, claro, alguns tiros no pé, caso da tediosa Extrapolations, mas o número de acertos da plataforma vem superando as apostas erradas.
Para além de ousadia, a Apple TV+ se destacou por investir em talentos relevantes da indústria — o que não só adiciona qualidade ao produto, como também chama a atenção. Tanto que, nesta edição do Emmy, ela somou o maior número de indicações nas categorias de atuação, com 31 no total, entre eles estão nomes estelares como Gary Oldman (de Slow Horses) e Cate Blanchett (pela minissérie Disclamer), e até mesmo indicações inéditas para os veteranos Harrison Ford (por Falando a Real) e Martin Scorsese (que faz uma participação especial em O Estúdio).
As indicações ao prêmio jogaram luz em tramas da plataforma que valem uma espiada, como o drama ácido de espionagem Slow Horses e a comédia sensível Falando a Real, citados acima. Também foram reconhecidas com indicações as séries Mal de Família, Ladrões de Drogas, Acima de Qualquer Suspeita, Disclaimer, Pachinko, Seus Amigos e Vizinhos e Matéria Escura, o filme Entre Montanhas, e os documentários O Presidente Surdo e Bono: Histórias de ‘Surrender’.