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Críticas e análises sobre o universo da televisão e das plataformas de streaming

Como a postura antitrans de J. K. Rowling virou pesadelo para a HBO

Escritora já doou centenas de milhares de libras para organizações avessas aos direitos trans e comemorou decisão do Supremo que revogou proteção legal

Por Thiago Gelli Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 24 abr 2025, 11h21 - Publicado em 24 abr 2025, 10h45

Uma das apostas mais promissoras do canal HBO e da plataforma de streaming Max para uma nova produção chamativa e rentável é a série baseada na saga Harry Potter, que contará, com novo elenco, a mesma história dos sete livros publicados entre 1997 e 2007 e dos oito filmes lançados entre 2001 e 2011. Desta vez, contudo, uma peça central do universo se tornou uma pedra no sapato: a autora J. K. Rowling, escritora bilionária que tem se dedicado desde 2019 ao feminismo radical trans-excludente, aquele que se opõe à existência e aos direitos de mulheres transgênero. Mais recentemente, em 16 de abril, ela comemorou com charuto e bebida a decisão da Suprema Corte inglesa que definiu “mulher” como aquela determinada pelo sexo biológico e excluiu mulheres trans da lei de proteção contra discriminação machista, ferindo um dos poucos guarda-chuvas legais que contemplavam a população minoritária. Na legenda da foto, Rowling escreveu: “Amo quando um plano dá certo”. Antes do veredito, a autora doou 70.000 libras para a organização For Scotland Women, que primeiro levou a petição à Justiça.

Reputação prejudicada

Enquanto isso, o estúdio tenta seguir a produção como se nada acontecesse — o que se mostra difícil. As manobras de Rowling mancharam irreparavelmente a reputação de Harry Potter, antes uma franquia conhecida pela celebração da diferença e da amizade; hoje, virou um estranho tipo de apoio à transfobia. Todo e qualquer material feito em relação à obra de Rowling, afinal, volta para ela na forma de royalties que formam a fortuna que utiliza para financiar iniciativas antitrans. A relação indissociável faz com que outras figuras públicas se ergam contra a produção da nova série, como a atriz inglesa Nicola Coughlan, de Bridgerton. Em vídeo publicado via Instagram, ela disse que a alegria de Rowling com o parecer do Supremo era um novo fundo do poço e protestou: “Ver uma comunidade que já é marginalizada sofrer mais ataques — e ataques legais — é de revirar o estômago e enojar, e ver pessoas que celebram o momento me repulsa ainda mais”. “Fiquem com o Harry Potter novo, pessoal, eu não tocaria nisso nem com um graveto de três metros”, concluiu Coughlan, que doou mais de 100.000 euros para a instituição de caridade trans Not a Phase.

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Distanciamento dos atores de Harry Potter

Desde que assumiu a posição transfóbica, Rowling também cortou relações com a maioria do elenco da saga Harry Potter original, como o trio protagonista Daniel Radcliffe, Rupert Grint e Emma Watson, que insulta constantemente em publicações na rede X, antigo Twitter. Sendo assim, é difícil imaginar o retorno de qualquer ator de peso para a franquia em um novo papel, elemento nostálgico que foi empregado no sucesso de reboots similares como Star Wars Jurassic World. Do elenco original, apenas atores secundários se opuseram ao ódio contra Rowling, sem jamais endossar diretamente suas opiniões: Jim Broadbent (Horácio Slughorn), Robbie Coltrane (Hagrid), Ralph Fiennes (Voldemort) e Helena Bonham Carter (Bellatriz Lestrange).

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(Da esq. para a dir.) Rupert Grint (Ron Weasley), a autora J.K. Rowling, Daniel Radcliffe (Harry Potter) e Emma Watson (Hermione Granger) na estreia de 'Harry Potter e a Pedra Filosofal', em 2001 -
(Da esq. para a dir.) Rupert Grint (Ron Weasley), a autora J.K. Rowling, Daniel Radcliffe (Harry Potter) e Emma Watson (Hermione Granger) na estreia de ‘Harry Potter e a Pedra Filosofal’, em 2001 – (Gareth Davies/Getty Images)

Franquia fracassada

Outro fator que aponta um possível declínio da nova versão de Harry Potter é o fracasso da saga paralela Animais Fantásticos, que foi cancelada após três filmes escritos por Rowling, dois dos quais desagradaram crítica e público. Para além das polêmicas da autora, a série de filmes — que planejava se encerrar com cinco títulos — falhou por conta da contratação de Johnny Depp, acusado de agredir a ex-esposa Amber Heard. Junto aos questionamentos públicos em torno do projeto, Animais Fantásticos degringolou de vez ao escancarar um esgotamento criativo de Rowling, que deu voltas demais em uma história pouco satisfatória. A série de Harry Potter, contudo, não terá roteiro da escritora, que apenas exerce o papel de produtora executiva.

Em que pé anda a série Harry Potter?

No momento, a série de Harry Potter já tem alguns nomes confirmados. O americano John Lithgow será o mago Alvo Dumbledore, Paapa Essiedu será Severo Snape, Janet McTeer será Minerva McGonagall, Nick Frost será Hagrid e Paul Whitehouse será Argo Filch. A busca pelos atores mirins que viverão os protagonistas ainda está em andamento e as filmagens estão previstas para o segundo semestre de 2025. A showrunner da produção é Francesa Gardiner, que antes escreveu para Succession e His Dark Materials.

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