Como Silvio Santos ‘roubou’ o BBB da Globo – e faturou alto
Dono do SBT fez uma manobra ousada no começo dos anos 2000 e virou alvo de um processo judicial da Globo por isso

No começo dos anos 2000, Silvio Santos (1930-2024) descobriu a existência do fenômeno Big Brother, reality show criado por John de Mol, enquanto passava uma temporada nos Estados Unidos. Dono do SBT, ele chegou a negociar com a Endemol, empresa detentora do formato, mas achou o negócio caro. Ele teria que desembolsar 8 milhões de reais, além de arcar com os custos dos aparatos tecnológicos da produtora, importando a tecnologia e o conhecimento deles. A Endemol, então, vendeu os direitos do Big Brother para a Globo, que se preparava para lançar o Big Brother Brasil em 2002. Uma reviravolta, porém, chocou as duas empresas: Silvio Santos lançou, sem alarde, em 28 de outubro de 2001 o programa Casa dos Artistas, que tinha o mesmo conceito do BBB, confinar pessoas em uma casa totalmente monitorada por câmeras e em tempo integral. E o SBT faturou alto, tanto em audiência quanto comercialmente.
Silvio Santos teve acesso a um manual da Endemol sobre como produzir o BBB, incluindo posicionamento de câmeras e perfis de participantes que eram mais atrativos. Quando o negócio não avançou, a equipe do empresário até assinou um termo de que não utilizaria as informações obtidas em reuniões, mas não foi o que aconteceu.
O Casa dos Artistas se tornou um fenômeno rapidamente, fazendo o SBT ganhar do Fantástico pela primeira vez na história, em quase três décadas de existência da revista eletrônica da Globo, e o ibope chegava a 39 pontos de audiência aos domingos e roubava o público de O Clone, novela das 9 da concorrente na época.
Uma reportagem de capa de VEJA de novembro de 2001 acompanhou Silvio Santos em uma visita à casa, enquanto o programa estava rolando. O apresentador e empresário vendia cada vez mais inserções publicitárias nos intervalos de Casa dos Artistas, a um valor médio de 90 000 reais cada trinta segundos de propaganda.
A primeira edição foi vencida por Bárbara Paz, que embolsou 300 000 reais e um carro zero, e o SBT produziu mais duas temporadas — apesar da Globo ter entrado com um processo na Justiça por se sentir lesada. Somente em 2015 foi decidido judicialmente que Casa dos Artistas era de fato um plágio do Big Brother Brasil, em uma ação que custava 18 milhões de reais.

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