Diretor de Três Graças, Luiz Henrique Rios a VEJA: “Lido bem com críticas”
Nova novela das 9 da Globo tem como tema central a maternidade solo e a corrupção dos ricos
Lançada na última segunda-feira, 20, Três Graças leva ao público uma história sobre mulheres grávidas que precisam se virar para criar os filhos após serem abandonadas pelos pais das crianças, além de tocar na corrupção dos ricos. A nova novela das 9 da Globo é escrita por Aguinaldo Silva, Virgílio Silva e Zé Dassilva, e tem como diretor Luiz Henrique Rios, que falou com VEJA sobre o folhetim que promete conquistar o Brasil.
Confira a entrevista:
O senhor ostenta um currículo de trabalhos ótimos, como Totalmente Demais. Como pretende conduzir Três Graças? Então, na minha vida eu tento me desafiar. Acho que Três Graças é a novela menos racional que eu já fiz, é muito emocional. Apesar de ser uma trama de comédia, de mistério, ter um tom 100% naturalista, ela é uma novela sobre a emoção das pessoas. Acredito que isso vai ter um negócio que vai tocar as pessoas de uma forma diferente.
Seus trabalhos também costumam encontrar um bom equilíbrio entre a comédia e o drama. Em Três Graças essa marca se mantém ou vai inclinar para um lado ou outro? O Aguinaldo é um autor que propõe isso, desse lugar em que o drama e a comédia se misturam na própria estrutura, assim. Tem uma cena muito dramática que de repente tem uma quebra, tem uma cena cômica que de repente vai para o drama. Então, isso já está nele. Eu acho que de alguma maneira essa leitura favorece essa forma que eu tenho de tentar criar histórias envolventes e, posso dizer assim, que entretêm as pessoas, porque eu acho que quando você faz uma novela, você fala de muitas coisas, mas na verdade, para a pessoa que está chegando em casa às 9 horas da noite, a vida não está fácil.
Como assim? O trabalhador quer chegar em casa e quer ligar a televisão e para dar uma “desligadona”. E ser feliz. E sofrer com os outros. Para parar de sofrer consigo mesma, né? Pensar em outras coisas para parar de pensar nas suas próprias questões. Então, acho que é um pouco isso que a gente tenta fazer. Entregar para as pessoas o que é o mais legal que elas poderem não pensar, mas sentir outras existências.
Como é para o senhor lidar com o fenômeno do noveleiro que acompanha e critica todos os detalhes pelas redes sociais? Acho que toda a minha vida foi tentar construir um diálogo. Eu acho que agora a gente tem mais respostas. Eu acho também a gente não pode levar todas essas respostas em consideração, porque essas são umas respostas específicas de um grupo específico e muita gente assiste. Então, óbvio que você tem que ouvir aquilo, tem que ponderar, mas também tem que entender que aquilo é um grupo. É uma forma de lidar com essa comunicação, é uma forma desse diálogo. Eu acho que comunicar é você propor e é o outro que constrói o que ele sente. Sim. Então, todos esses sentimentos e todas essas respostas para mim são absolutamente relevantes. Mas elas não são determinantes. Então essa é uma conversa que eu lido muito bem. Eu não tenho problema de ouvir crítica, obviamente que eu prefiro ouvir elogios, mas quando alguém perde o seu tempo para falar algo para mim, isso é muito importante.
Não é como se as críticas fossem ditar seu trabalho, certo? Não, assim, dependendo da situação, isso influencia. Mas nesse processo é preciso criar uma média. Você não pode acreditar que uma onda tenha sempre o mesmo tamanho. Mas se a onda crescer, você precisa ouvir ela porque o mar pode virar.
Como acha que o público vai receber as críticas sociais que o texto da novela irá propor? A novela não propõe críticas, ela propõe situações. É um pouco diferente quando a gente pensa que há um texto e esse texto está querendo discutir um assunto. Acho que uma novela tem um lugar, sim, de propor situações, situações que falam sobre muitas coisas que a gente vive. Mas eu não pretendo concluir essas situações, não sou eu que vou dar resposta. São os autores. Até porque essas respostas elas não são simples e elas são construídas individualmente e coletivamente. Então não cabe a mim julgar. Cabe a mim colocar, propor e construir um ambiente que permita que os outros construam soluções e se inspirem. Porque assim, eu não sei como o que eu falo chega nas pessoas, mas eu sei que se eu conseguir falar algo que as pessoas sintam e achem relevante, isso pode gerar coisas boas para elas, para o Brasil e para o mundo.
Três Graças dialoga com o Brasil que estamos vivendo agora de quais formas? Três Graças dialoga com o seu tempo, né? Por ser não só uma novela contemporânea, mas sobre a contemporaneidade. Acho que a gente vive um, um dilema na humanidade, e esse dilema é ético. Quanto vale a vida? É essa conversa que está o tempo todo por trás dessa novela. Você tem um homem que é rico, rico, rico, rico, rico e mata pessoas para ter mais dinheiro. Qual é o sentido disso? Você ter famílias em que os homens não se sentem responsáveis pelos filhos que fazem. Qual é o sentido disso? Então, assim, de alguma maneira, a gente tá falando sobre o sentido da vida. O sentido da vida é a esperança, não há dúvida. Mas enquanto a gente espera, o que a gente faz para construir um mundo melhor? É um pouco sobre isso que é viver. Todos nós vivemos isso. Eu quero melhor para o meu filho, para a minha mãe, mas também quero o melhor para o meu país, para a minha comunidade. A gente vive com o coração da gente. Eu acho que é sobre isso que a novela fala.







