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‘Emily em Paris’, um superficial conto de fadas da era dos influenciadores

Série da Netflix já é chamada de ‘nova Sex and the City’, mas passa longe disso: ao acompanhar uma jovem americana em Paris, traz um amontoado de clichês

Por Raquel Carneiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 5 out 2020, 13h11
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  • Lily Collins na série 'Emily em Paris': meu reino por curtidas (Netflix/Divulgação)

    Num lance de sorte, a americana Emily (Lily Collins) ganha a chance de morar em Paris por um ano, trabalhando em uma agência de marketing. Além de roupas coloridas de grife (com dois pés no kitsch), a belíssima moça leva nas malas ideias inovadoras, “proatividade” e força de vontade. Ela provavelmente ainda pagou no aeroporto por excesso de bagagem ao carregar consigo outro peso morto: um roteiro cheio de clichês. Protagonista da série Emily em Paris, novo hit da Netflix, a jovem deveras simpática é a força motriz que segura de pé o programa que já está sendo chamado de Sex and the City do século XXI. A associação, porém, é de fazer Carrie Bradshaw revirar os olhos. Emily em Paris passa longe da ousadia e profundidade de sua antecessora — apesar de ter em comum um dos criadores, o americano Darren Star. Trata-se de um entretenimento ingênuo, que escorrega constantemente na verossimilhança e tão superficial quanto um dos temas centrais da série: as redes sociais e seus influenciadores.

    Emily trabalha em Chicago com a chefe, Madeline (Kate Walsh), que está de malas prontas para assumir uma posição numa agência francesa após uma fusão. A missão no mínimo arrogante é passar aos franceses sua expertise em marketing e redes sociais. Mas, ops… Madeline descobre que está grávida e não tem dúvidas em passar o importante trabalho para sua pupila, Emily. Vale aqui ressaltar que Madeline é uma mulher madura, experiente, com mais de 50 anos de idade, e que fala fluentemente francês. Emily aparenta ter 20 e poucos (Lily Collins tem 31) e mal sabe dizer merci ou bonjour. Ao chegar em Paris, ela é obviamente rechaçada pela agência, que não esperava alguém tão jovem e inexperiente. Outro detalhe: Emily trabalhou até então com campanhas para empresas farmacêuticas e, exceto pelo gosto fashionista, não tem no currículo marcas de luxo como as que a empresa francesa atende — outro escorregão do roteiro que só faria sentido num conto de fadas abilolado.

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    Lily Collins na série ‘Emily em Paris’: cenário parisiense é refúgio em meio a roteiro clichê (Netflix/Divulgação)

    Daí em diante, a série vai ladeira abaixo. Emily solta frases vazias com palavras-chaves como “engajamento” para mostrar como entende de redes sociais; dá ideias que muitas grandes agências de marketing sentiriam frio na espinha ao ouvir; e conquista clientes por ter ela própria um perfil em ascensão no Instagram – repleto de selfies em Paris e vazio de conteúdo cultural ou de fato luxuoso.

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    Ainda é constrangedor o modo como a dedicação dos americanos pelo trabalho é exaltada, em contraposição à rotina mais leve dos franceses, representados pelo estereótipo da grosseria e má-educação. Especialmente no embate entre Emily e sua nova chefe, Sylvie (vivida pela ótima atriz Philippine Leroy-Beaulieu, em uma enrascada sem tamanho nesse elenco). Emily representa o novo, o frescor, a força dos influenciadores. Sylvie é elegante, madura, e passa boa parte da série relegada ao papel de megera com pouca vontade de inovar.

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    Philippine Leroy-Beaulieu e Lily Collins na série ‘Emily em Paris’, da Netflix: a tradição francesa versus a americana moderninha (Netflix/Divulgação)

    Se há algo de bom em Emily em Paris, nada mais é que a própria Paris. Cantos turísticos pouco explorados da Cidade Luz, assim como sua dinâmica, e também seus dilemas, são retratados com sutileza. Emily demora a perceber (se é que de fato percebe) que Paris não é só um belo pano de fundo para suas redes sociais. É uma cidade que emana cultura, dona de muita história e tradição, e que está pronta para se revelar a quem tira por alguns minutos a cara da tela do celular.

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