Nem todo personagem conquista de cara, mas alguns caem nas graças do público quase que instantaneamente. É o caso da vilã Preciosa, de Fuzuê, uma herdeira mesquinha e decadente com um ar de vilã da Disney, do tipo que é delicioso de odiar. A personalidade execrável de quem humilha pobre na mesma constância em que respira ganha vida de maneira convincente com Marina Ruy Barbosa, cuja escalação se revelou o maior acerto da novela até então.
Criada por Gustavo Reiz, a trama das sete exibe seu décimo episódio nesta quinta-feira, 24, depois de assumir a difícil missão de substituir Vai na Fé. Marina vive a primeira vilã de sua carreira, e parece se divertir intensamente com a desmiolada Preciosa. Herdeira de um ricaço aventureiro, ela recebe do pai a localização de um tesouro perdido que pode livrá-la de cair de vez na pobreza — o que, claro, é seu maior pesadelo. Adiciona-se ao revés o fato de que, junto com o tal tesouro, o patriarca também revelou a ela a existência de uma irmã bastarda, com quem, em tese, terá que dividir a herança.
Seguindo a receita da faixa de horário, o folhetim é caricato e abusa do humor escrachado para divertir o público. Preciosa, nesse sentido, é o maior trunfo do autor. Até o momento, a vilã não se mostrou apenas sem escrúpulos, mas também totalmente fora de controle: ela já correu atrás da empregada com uma faca na mão, fugiu de gansos no meio da floresta, ameaçou a mocinha da novela e pulou de um precipício sem mais nem menos, além de dar patadas constantes no marido, a quem chama carinhosamente de “estrupício”.
À vontade com a personagem, Marina encarna as caras e bocas frenéticas da dondoca com louvor. A pose de patricinha mimada lhe cai bem esteticamente, mas é a maldade totalmente descompensada das expressões faciais de quem vive à beira de um surto e os diálogos que fora da ficção renderiam um justo cancelamento que chegam como um presente para a atriz. Resta acompanhar as peripécias que virão a seguir.