Morre Cid Moreira, âncora do ‘Jornal Nacional’ por décadas, aos 97 anos
Jornalista foi um dos principais âncoras da Globo; ele estava internado no Rio de Janeiro
Cid Moreira, primeiro âncora do Jornal Nacional e por décadas à frente da bancada, jornalista e locutor, morreu nesta quinta-feira, 3, aos 97 anos. O apresentador estava internado em um hospital em Petrópolis, na região serrana do Rio de Janeiro, tratando uma pneumonia. Conhecido pela voz marcante e grave, Moreira também foi locutor de matérias do Fantástico, principalmente do quadro de ilusionismo do Mister M. O apresentador estava internado desde 4 de setembro, e passava pelo tratamento de um quadro de insuficiência renal crônica. Ele deixa a esposa, Fátima Sampaio Moreira, e os filhos Roger e Rodrigo. Como titular do JN, Cid Moreira apresentou 8.000 edições e foi responsável por imprimir a marca do programa na memória brasileira.
O corpo do apresentador será velado, ainda nesta quinta-feira, no Parque Municipal de Petrópolis, e no fim do dia seguirá para o Palácio Guanabara, na capital fluminense. Na sexta-feira de manhã, segue para Taubaté, em São Paulo, onde ele nasceu e será sepultado ao lado da primeira esposa, Olga Verônica Radenzev Simões, com quem foi casado entre 1970 e 1972, a pedido do próprio apresentador.
Em entrevista ao Encontro com Patrícia Poeta nesta quinta, 3, Fátima Moreira revelou que o casal se mudou para perto do hospital para que o marido pudesse fazer diálise e que ele permaneceu lúcido até seus últimos momentos. “Passei os últimos dias aqui com ele, não tinha outro lugar que eu poderia estar. Ele dizia estar cansado, não contei para ninguém para garantir sua privacidade e confortá-lo. Mas ele estava lúcido até o fim”, contou Fátima no programa da Globo.
Filho do bibliotecário Isauro Moreira e da dona de casa Elza Moreira, Cid Moreira nasceu em Taubaté, no Vale do Paraíba, em 29 de setembro de 1927, e tinha acabado de completar 97 anos na última sexta-feira. Após se formar em contabilidade, ele iniciou sua carreira no rádio em 1944, após ser incentivado por um amigo a fazer um teste para a Rádio Difusora de Taubaté. Cinco anos depois, em 1949, ele se mudou para São Paulo e passou a trabalhar na Rádio Bandeirantes e na Propago Publicidade.
Em 1951, Moreira foi para o Rio de Janeiro para trabalhar na rádio Mayrink Veiga, onde ficou até 1956 e teve suas primeiras aparições em televisão, fazendo comerciais ao vivo em programas como Além da Imaginação e Noite de Gala, da TV Rio, emissora em que estreou nos noticiários em 1963 no Jornal de Vanguarda.
Cid Moreira comandou o Jornal Nacional por 26 anos, com seu “boa noite” grave sendo uma das frases mais marcantes da TV brasileira. Em 1996, o âncora foi substituído por William Bonner em uma reformulação do telejornal, que também passou a contar com Lillian Witte Fibe, mas o antigo apresentador permaneceu no informativo, lendo editoriais.
Outro momento marcante de Cid Moreira na memória da televisão brasileira foi sua narração do quadro de mágica do ilusionista Mr. M, que por anos fez aparições no Fantástico e foi um dos maiores sucessos da revista eletrônica.
Com sua voz característica, Cid Moreira se dedicou muito à carreira de locutor, narrando salmos bíblicos e até a Bíblia inteira em 2011, e o áudio do livro sagrado foi um sucesso vendas.
Até sua marte, Cid Moreira fazia participações espontâneas na Globo, como encontrar o Mr. M no especial do Fantástico de 60 anos em 2023, além de dar uma entrevista para Patricia Poeta em seu aniversário de 96 anos em setembro do ano passado.