Semanas atrás, Reynaldo Gianecchini provou que sabe o que quer da vida. Em entrevista ao jornal O Globo, o ator calou a boca daqueles que faziam especulações sobre sua sexualidade. “Já tive, sim, romances com homens”, declarou. Aos que cobravam sua “saída do armário”, ele deu uma resposta à altura: avisou que sua vida sexual “não cabe numa gaveta”. O posicionamento firme de Gianecchini mostra que ele não é artista de ficar em cima do muro. Mas sua coragem não se esgota aí. Para um galã, sair do armário é mais complicado: sempre há o risco de rejeição por uma parcela não desprezível do público.
Agora que a novela A Dona do Pedaço chega à reta final, o Gianecchini da vida real bem que poderia dar conselhos preciosos ao Gianecchini da ficção. A postura assertiva do ator seria um ótimo exemplo para Régis, seu confuso personagem na trama de Walcyr Carrasco. O playboy começou a novela como um golpista e vilão cruel, capaz de se unir à fútil Jo (Agatha Moreira) para roubar a fortuna da mãe dela, a heroína e boleira Maria da Paz (Juliana Paes). Mas Régis, de repente, virou um coração mole. Arrependeu-se do golpe e já não sabia se queria ficar com Jo, a jovem filha de Maria Paz – ou com a própria boleira (depois de ter se casado com ela só por interesse).
As indecisões de Régis se multiplicaram desde então. Na ânsia de abraçar o figurino de bom moço, ele foi trabalhar numa adega de vinhos e decidiu reparar seus erros – mas teima em dar tropeços na vida, perdendo tudo por suas dívidas com um agiota. Régis vive falando que deseja virar “um novo homem”, mas não resiste ao vício no jogo e na bebida. Até nessa questão etílica o rapaz dá mostras de não saber o que quer: ele já surgiu numa cena tomando vinho branco, e na seguinte com um copo de uísque na mão. Imagine a ressaca.
Até o final da trama, em 22 de novembro, a personalidade de Régis ainda sofrerá solavancos. Ao que consta, o playboy não ficará com Maria da Paz, apesar de todo esforço para se mostrar um sujeito confiável. De última hora, ele deverá sofrer ainda uma conversão religiosa: Régis, o ex-vilão, vai se transformar em evangélico. E exibirá uma faceta feia: por pura homofobia, não aceitará o casamento gay entre os personagens de Malvino Salvador e Guilherme Leicam. Por essa escorregada, talvez nem Gianecchini esperasse.