O show de insensibilidade de Patrícia Poeta ao falar de garota assassinada
Apresentadora do 'Encontro' entrevistava o pai de Vitória ao vivo quando o surpreendeu com informações chocantes sobre morte da filha

O assassinato da menina Vitória, de 17 anos, quando voltava do trabalho na cidade de Cajamar, em São Paulo, chocou o Brasil nos últimos dias pela crueldade do crime. Ao vivo no Encontro desta sexta-feira, 7, a apresentadora Patrícia Poeta deu um show de insensibilidade e uma aula do que não fazer ao lidar com a cobertura de casos traumáticos como o de Vitória: revelou ao pai da garota, ao vivo e sem nenhum tato, descobertas feitas pela polícia e até então desconhecidas pela família sobre o principal suspeito do crime, deixando o pai da adolescente ainda mais abalado.
Em entrevista à apresentadora, Carlos Alberto Souza disse que desde que a filha desapareceu seus dias têm sido como um filme de terror, e que ele já não tem mais lágrimas para chorar. “Queria ter feito alguma coisa. Às vezes eu me culpo até de o carro ter quebrado”, disse o pai de Vitória, que é deficiente físico e sempre buscava a filha no ponto de ônibus, mas não conseguiu pegá-la no dia do desaparecimento porque o veículo adaptado quebrou. Mesmo com o homem visivelmente abalado, Patrícia o pressionou para falar sobre a investigação e questionou, diversas vezes, sobre um suspeito que teria fugido do local. Sem conhecimento sobre essa parte da investigação, Carlos Alberto disse que foi perguntado sobre uma testemunha, mas que não sabia sobre o suspeito citado por ela.
A apresentadora, então, perguntou ao homem sobre o ex-namorado de Vitória, que também está sendo investigado, e trouxe revelações sobre o caso que o pai da garota não conhecia. “Acabei de receber a notícia aqui, seu Carlos, que a Polícia Civil disse agora há pouco ter esclarecido o assassinato da sua filha. Foi um crime passional, segundo a polícia o assassino é um homem chamado Daniel, que tinha um relacionamento amoroso com o ex-namorado da Vitória”, disparou ela, dando detalhes sobre como a morte da garota teria sido planejada e executada. Questionado se sabia das informações, Carlos Alberto disse que não, e pediu para que a apresentadora repetisse a informação, agradecendo em seguida com uma expressão completamente perdida diante da chuva de informações que recebera sem nenhum preparo ou sensibilidade.
Nas redes sociais, a postura de Patrícia Poeta foi justamente criticada, e comparada a programas policialescos e sensacionalistas que cobre crimes violentos sem nenhum tato ou responsabilidade — como, por exemplo, a postura de Sonia Abrão diante do caso Eloá, até hoje apontada como um fator que interferiu nas negociações para a libertação da garota, que acabou morta pelo sequestrador. As críticas são todas pertinentes: o jornalismo responsável, muitas vezes, é essencial para dar visibilidade a casos como o de Vitória, e para pressionar autoridades a buscar respostas. Quando ultrapassa os limites do bom senso, no entanto, pode acabar causando ainda mais dor para a família, ou interferir em negociações e investigações que devem ser conduzidas com o máximo de cuidado e competência pelas autoridades. Fica, mais uma vez, a lição do que não fazer diante da dor alheia.