O drama da TV católica que faz ‘vaquinha’ para pagar salários atrasados
A Rede Século 21, de Valinhos (SP), só está exibindo reprises em razão de uma greve de funcionários por falta de pagamento

A emissora de TV aberta Rede Século 21 (RS21), original de Valinhos, em São Paulo, e inteiramente dedicada à programação católica, interrompeu suas atividades após greve dos funcionários iniciada nesta terça-feira, 13 de maio. A paralisação tem como motivo a falta de pagamentos e do recolhimento de tributos trabalhistas como INSS e FGTS, além da suspensão de benefícios como convênio médico.
Segundo o sindicato de radialistas de São Paulo, os atrasos na prestação salarial começaram em setembro de 2024. A ideia de uma greve tomou forma entre os funcionários em 11 de março, mas foi contida pela apresentação de um plano de pagamento pela entidade — que não foi cumprido.
Diferente de outras emissoras, o canal não abre espaço comercial para anunciadores e sobrevive por meio de doações de empresas e pessoas físicas, aceitando até pix e crédito. Em março, a RS21 abriu uma vaquinha online que já arrecadou mais de 387 000 reais. Desde então, a meta de 300.000 foi alterada para 2 milhões no site oficial da campanha de arrecadação. De acordo com os funcionários, a explicação dos gestores para a situação drástica é uma queda na receita após a pandemia de Covid-19.
Até o momento, todas as transmissões ao vivo da rede são substituídas por reprises. Entre os programas, um comunicado elucida a situação para espectadores desavisados e implora por ajuda. “A situação é urgente”, frisam logo de cara, “mais do que nunca, precisamos da sua ajuda para continuar a missão de anunciar Jesus”. Apelando para o teor religioso da empresa, o texto ainda descreve a RS21 como uma “obra de Deus” que faz com que almas sejam “alcançadas, curadas e salvas pelas mãos ensanguentadas de Jesus”. Junto ao pronunciamento, um QR Code é exibido. Ao capturá-lo com o celular, o espectador é redirecionado aos canais de doação.
A greve ainda não tem previsão de chegar ao fim e persistirá até que “os salários sejam integralmente quitados e seja apresentada uma proposta concreta para a resolução dos demais problemas”, diz a nota do sindicato.
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