Os bastidores do episódio mais dramático de ‘Succession’ – até agora
VEJA destrinchou as curiosidades e os detalhes do surpreendente terceiro capítulo da quarta temporada da série da HBO
*O texto a seguir contém spoilers
Em 2018, quando a família Roy foi apresentada ao mundo no primeiro episódio da série Succession, o patriarca Logan Roy (Brian Cox) sofreu um AVC e entrou em coma. Parecia o fim do chefão do clã bilionário, mas ele resistiu, e passou toda a primeira temporada se recuperando – enquanto, de quebra, retomava o poder de suas empresas da mão dos filhos. De lá para cá, Logan se mostrou indestrutível. “Você é a prova de balas”, disse um personagem certa vez. Por isso o choque da família do empresário – e dos espectadores em casa – quando neste domingo, 9, o terceiro episódio da quarta e última temporada declarou, de forma repentina, a morte do patriarca que marcou a história da TV. A seguir, um mergulho nos detalhes, curiosidades e bastidores da despedida de Logan Roy – que ele descanse em paz (se isso for possível para o irrequieto personagem).
Morte shakespeariana
Em um jatinho particular numa viagem de negócios, Logan passou mal e, ao que tudo indica, sofreu um infarto. A câmera não estava com ele – logo, o espectador não acompanhou os últimos minutos do personagem. A notícia chega quando Tom (Matthew Macfadyen) liga para os filhos de Logan e avisa: “seu pai não está bem”. A câmera ainda demora a mostrar um homem no chão recebendo massagem cardíaca. Os filhos não veem o pai morrer, assim como o espectador também não vê. A escolha de mostrar um evento tão importante sem de fato mostrá-lo é mais um aceno da série à suas raízes shakespearianas. O famoso bardo inglês instaurou em suas narrativas o recurso de contar sem mostrar – ou seja, um personagem chegava ao palco e relatava um evento importante aos demais. O ocorrido deveria ser mostrado no palco, mas não era. E tudo que o público tinha era a notícia, uma maneira de ficar ainda mais próximo do personagem que também estava longe do evento e é impactado pela narrativa de uma testemunha ocular. O efeito? A sensação de impotência e fraqueza que quem assistiu ao episódio entende bem.
Já foi tarde?
Curiosamente, a morte de Logan Roy estava prevista para a primeira temporada. O criador da série, Jesse Armstrong, planejava matá-lo naquele AVC, fazendo com que toda a narrativa girasse em torno da briga dos irmãos para disputar o império do pai. Claro, ele mudou de ideia e isso graças ao charme de Brian Cox, que lhe convenceu da força que o roteiro ganharia ao mostrar a entidade que Logan era no meio coorporativo, econômico e político.
Como Brian Cox lidou com a notícia da morte
O ator conta que Jesse o avisou logo antes de começar a gravar a quarta temporada que essa seria a despedida de Logan. “Eu esperava que seria lá para o sétimo ou oitavo episódio, não no terceiro”, disse Cox ao jornal The New York Times. Apesar de ser repentino, ele elogiou a decisão. “A TV americana padece de estender suas tramas mais do que deveria. Eu admiro que eles estejam tomando essas decisões.”
O futuro de Brian Cox
O ator de 76 anos não vai entrar para a fila do desemprego. Cox já está contratado para voltar aos palcos do teatro londrino em uma montagem de Longa Jornada Noite Adentro, do dramaturgo americano e Nobel da Literatura Eugene O’Neill, prevista para estrear em 2024. Enquanto isso, ele planeja dirigir seu primeiro filme.