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Críticas e análises sobre o universo da televisão e das plataformas de streaming

Saiba quais as principais bizarrices de ‘Festa da Salsicha: Comilândia’

Série retoma o universo vulgar e excêntrico da comédia animada que imagina uma revolução organizada por alimentos sapientes

Por Thiago Gelli 12 jul 2024, 15h29

Infame animação lançada em 2016, A Festa da Salsicha perturbou muitos pais desavisados que optaram por assistir à comédia com toda a família, crendo se tratar de mais uma história infantojuvenil de um dos diretores de Shrek 2, Conrad Vernom. Pelo contrário, o traço adorável que dá vida às comidas nas prateleiras de supermercados foi responsável por descobertas chocantes para seus espectadores mais jovens, tratando-se de um dos mais vulgares exemplares do humor americano — cheio de situações sexuais, violentas e grotescas. Oito anos depois, Seth Rogen, Kristen Wiig e os demais comediantes que emprestaram suas vozes ao original retornam ao universo despudorado, e o resultado acaba de chegar ao catálogo do Prime Video: A Festa da Salsicha: Comilândia.

Agora no formato de série, a história é contada em oito episódios e acompanha os eventos logo após o final do filme, quando os alimentos tomaram ciência do consumo humano desenfreado que os matava. Ao estilo Revolução dos Bichos, eles pegam em talheres e conquistam sua liberdade, executando todos os humanos da região para instaurar a idílica Comilândia — mas disputas internas e personalidades fortes transformam o suposto paraíso em terra selvagem ainda mais peculiar do que antes. Para quem não quer desbravar a excêntrica produção às cegas, aqui vai o alerta de algumas de suas principais bizarrices:

Luta dionisíaca

Logo após derrotarem o último humano — um brutamontes de mamilos expostos e paladar voraz —, os alimentos celebram sua vitória do mesmo jeito que fez a fama do filme original. Sem apetite para comida, as salsichas, pães, salgados, frutas, legumes e demais guerreiros decidem saciar sua fome sexual pelas ruas da pequena cidade da qual se apoderam. Sem discriminação por gênero ou grupo da pirâmide alimentar, todos se entregam à perturbadora esbórnia — até um obstáculo.

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Dose de realismo

No ápice do prazer, os integrantes da nova sociedade descobrem algo do qual o conforto do supermercado lhes protegia: as intempéries naturais. Uma chuva forte e repentina consegue eliminar quase todos os farináceos com poucas gotas e uma enchente arrasta os demais até o sistema de esgoto, forçando os personagens a lutarem pela sobrevivência — e até a se sacrificarem.

Dramaturgia afetada 

Após a tragédia, os sobreviventes retornam ao lar original e constroem uma sociedade do zero, dando origem a tiranos, forças militares e golpes políticos dignos de tragédias shakespearianas como Tito Andrônico. A estrutura possibilita que um déspota laranja se adorne de dentes humanos e seja controlado por um grão de arroz sedento por poder, assim como que uma loja de donuts se torne uma prisão de alta segurança. Em um de seus momentos mais inspirados, a série chega a imaginar uma execução em praça pública por churrasqueira, ao invés de enforcamento ou guilhotina. 

Humanos descompensados

Em sua maioria mortos após cuspirem no prato que comiam, os humanos do universo são unidimensionais, exceto por Jack (Will Forte). Um dos últimos de sua espécie, ele se apaixona pela salsicha protagonista Frank (Seth Rogen) após um inusitado encontro íntimo. Para enxergar e se comunicar com as comidas, porém, ele deve consumir sais de banho, que impactam sua psique cada vez mais. Rendido à nova ordem, o personagem chega a recorrer ao canibalismo para não consumir os quitutes sapientes.

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