Steven Knight, criador de House of Guinness: ‘Há uma atração pela cerveja’
O homem por trás da série falou a VEJA

O que explica a conexão dos humanos com bebidas como a Guinness? Não sei ao certo, mas vejo uma atração consistente em relação à cerveja, e mais ainda no caso específico da Guinness. Não consigo pensar em outra marca de cerveja cujo logotipo você encontre em qualquer lugar do mundo. Talvez quem faz cerveja tenha vida mais interessante.
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Por que os irlandeses viam a Guinness, hoje símbolo do país, com desconfiança? É uma ótima questão. O legado que a família herdou não era só dinheiro e terras, mas também uma percepção social: eles eram vistos como protestantes, anglo-irlandeses. Benjamin Guinness, patriarca da família que morre no começo da série, proibia qualquer conversa sobre religião ou política dentro da cervejaria.
Como isso foi superado? Quando a nova geração assumiu, começou a caminhar nessa corda bamba entre tradições. Mas acredito que havia um desejo genuíno de fazer o bem, de provocar mudanças. Isso transparece nas ações e no trabalho filantrópico.
Até que ponto as mulheres do clã espelham a condição feminina da época? As mulheres Guinness, mesmo sendo ricas, não tinham direito ao voto. Mas eram fortes e ajudaram a gerir a cervejaria de forma a beneficiar a sociedade e também a reputação da marca. Ignorar essa influência seria um erro.
Publicado em VEJA de 25 de setembro de 2025, edição nº 2963