Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana
Imagem Blog

Tela Plana

Por Kelly Miyashiro Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Críticas e análises sobre o universo da televisão e das plataformas de streaming

Xógum e mais: as produções que revelam ao mundo talentos made in Japan

Indicado ao Emmy, Hiroyuki Sanada puxa a fila de excepcionais atores nipônicos que conquistaram Hollywood sem abrir mão da língua nativa

Por Kelly Miyashiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 28 jul 2024, 08h00

Quando recebeu o convite para interpretar o lorde Yoshii Toranaga na série épica Xógum: a Gloriosa Saga do Japão, o ator Hiroyuki Sanada tinha algumas condições para aceitá-lo: ele assinaria como produtor, japoneses seriam contratados para trabalhar na frente das câmeras e nos bastidores e a história evitaria estereótipos sobre a nação oriental. As imposições foram acatadas e proporcionaram um resultado além de qualquer expectativa do estúdio FX: o drama disponível no Disney+ e baseado no romance homônimo de James Clavell, de 1975, foi recordista de indicações ao Emmy 2024, concorrendo em 25 categorias na premiação que ocorrerá em setembro. A lista inclui a de melhor ator de série dramática para o próprio Sanada, que chega pela primeira vez ao Emmy aos 63 anos, embora ostente uma carreira de primeira grandeza há quase cinco décadas.

Xógum: A Gloriosa Saga do Japão – James Clavell

O reconhecimento do astro japonês não é isolado: parte de um movimento de Hollywood que clama por mais diversidade após uma eternidade olhando apenas para o próprio umbigo americano. Além do intérprete do samurai que luta para sobreviver em meio a uma guerra civil e política entre senhores feudais no século XVI, outros atores também têm caído nas graças do público mundial, como Koji Yakusho, de Dias Perfeitos (2023), e Hidetoshi Nishijima, astro de Drive My Car — vencedor do Oscar de melhor filme internacional em 2022 — e da série Sunny, nova comédia dramática de ficção científica da Apple TV+. Curiosamente, nenhum deles precisou abrir mão de sua língua nativa para fazer barulho pelo mundo, tornando-se a geração de atores japoneses mais prolífica desde Toshiro Mifune (1920-1997), de filmes do aclamado diretor Akira Kurosawa (1910-1998) nas décadas de 1950 e 1960. Por coincidência, aliás, Mifune também fora indicado ao Emmy em 1981, na categoria de melhor ator em minissérie pela primeira adaptação de Xógum — mas não levou o prêmio.

Homens sem mulheres – Haruki Murakami

SUTILEZA - Yakusho (à esq.) em Dias Perfeitos: personagem que diz tudo com o olhar
SUTILEZA – Yakusho (à esq.) em Dias Perfeitos: personagem que diz tudo com o olhar (./Divulgação)
Continua após a publicidade

Nos três casos, chama atenção outra peculiaridade em comum: muito antes de ganhar os holofotes globais, esses talentos já tinham carreiras consagradas no Japão — e os três têm mais de 50 anos. O empurrão de um filme premiado ou de um sucesso do streaming ajudou a torná-los rostos universais. Concebido com um orçamento humilde, de 14 milhões de dólares, Dias Perfeitos, de Wim Wenders, arrecadou 25 milhões de dólares em bilheteria mundial e recebeu uma honrosa indicação ao Oscar de filme internacional na última edição do prêmio. O filme conta a história de Hirayama, um faxineiro que passa os dias limpando banheiros de arquiteturas magníficas em Tóquio e vive uma rotina metódica de leitura e cuidado com as plantas. Uma trama singela que ganha relevo magnífico graças à atuação do protagonista, capaz de dizer tudo com seus olhares e expressões. Yakusho, que já havia atuado em produções americanas como Memórias de uma Gueixa (2005), ganhou o prêmio de ator em Cannes neste ano pelo trabalho com Wenders.

Sunny – Colin O’Sullivan

Hidetoshi Nishijima também viu seu nome crescer após Drive My Car causar sensação no Oscar. A série Sunny é um belo fruto disso: ambientada numa Tóquio futurista, ela narra a história de uma mulher (Rashida Jones) que recebe de presente uma robô de suporte emocional após o marido e o filho desaparecerem num acidente aéreo. Se em Drive My Car ele vive um diretor de teatro e ator que precisa lidar com a morte da esposa e a descoberta de que ela o traía antes de morrer, na série da Apple TV+ a jornada de seu personagem é distinta: uma reflexão sobre os perigos da inteligência artificial e suas implicações no mundo real — papel que aceitou por não precisar deixar o Japão, já que a produção foi rodada lá. Morador de um país conhecido por sua expertise em tecnologia, o ator disse a VEJA que a cultura japonesa busca, desde sempre, a harmonia entre as duas coisas — algo que deveria servir de exemplo para o mundo. “As pessoas que vivem aqui tentam encontrar uma nova forma de equilibrar a vida com a tecnologia”, afirma.

Continua após a publicidade

História do Cinema Japonês – Maria Roberta Novielli

DRAMA SCI-FI - Cena da série Sunny: Nishijima, de Drive My Car, contracena com uma robô
DRAMA SCI-FI - Cena da série Sunny: Nishijima, de Drive My Car, contracena com uma robô (Apple TV+/.)

O engajamento desses atores atrás das telas é uma característica que faz diferença. Pesou totalmente a favor de Xógum a participação ativa de Sanada na produção da série, por exemplo. Seu objetivo era não só transpor para a TV uma história autêntica e respeitosa sobre seu país, mas também pavimentar o caminho para outros rostos nipônicos. “Espero que os jovens atores japoneses tentem chegar cada vez mais ao mercado mundial. Eu gostaria de fazer uma ponte para eles, e é por isso que Xógum será um grande passo para nossa nova geração”, declarou recentemente. Os talentos made in Japan conquistaram Hollywood — e o espectador é que sai ganhando.

Publicado em VEJA de 26 de julho de 2024, edição nº 2903

Publicidade

Imagem do bloco

4 Colunas 2 Conteúdo para assinantes

Vejinhas Conteúdo para assinantes

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

a partir de 39,96/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.