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MGM Pede Concordata

O processo já vinha se arrastando há anos. Nos últimos 15 meses, a imprensa americana acompanhou os acertos finais entre o estúdio e seus credores para o anúncio oficial que foi feito hoje: a MGM pediu concordata, apelando para o capítulo 11 da lei de falência americana. A decisão foi tomada para que o estúdio […]

Por Fernanda Furquim Atualizado em 31 jul 2020, 13h44 - Publicado em 3 nov 2010, 15h33

O processo já vinha se arrastando há anos. Nos últimos 15 meses, a imprensa americana acompanhou os acertos finais entre o estúdio e seus credores para o anúncio oficial que foi feito hoje: a MGM pediu concordata, apelando para o capítulo 11 da lei de falência americana. A decisão foi tomada para que o estúdio pudesse evitar a falência (liquidação dos bens). Em 30 dias a Corte de Manhattan dará seu parecer sobre o caso. Enquanto isso, o estúdio, e cerca de 160 afiliados, estão em situação financeira, e aval de seus credores, de se manter em atividade, pagando funcionários e terceirizadas.

O plano estabelecido entre estúdio e credores estipula a reorganização de sua diretoria e de suas atividades com o objetivo de estabilizar a empresa com uma nova liderança. A aprovação do pedido de concordata permitirá o levantamento de cerca de 500 milhões de dólares em financiamento para manter a produção de filmes e séries de TV. Ao longo do tempo, seus credores poderão trocar a dívida, que ultrapassa a soma de 4 bilhões de dólares, pelo capital do estúdio.

Os problemas financeiros da MGM vêm se acumulando há anos. Em 2004, o estúdio foi oferecido por cerca de 5 bilhões de dólares, valor considerado acima do preço real. Este ano, o conglomerado indiano Sahara India Pariwar chegou a oferecer cerca de 2 bilhões de dólares e a Time Warner 1.5 bilhão, mas visto que nenhuma das duas ofertas cobririam a dívida, foram recusadas.

Ainda é cedo para determinar os efeitos que a situação da MGM terá sobre a produção de futuras séries. Atualmente, o estúdio tem apenas “Stargate Universe”, que não vem conquistando uma boa audiência. Seu custo poderá não compensar, o que leva a série a correr o risco de ser cancelada.

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Histórico

Fundado em 1924, a Metro-Goldwyn-Mayer se transformou em um dos maiores estúdios de cinema de Hollywood durante as décadas de 1930 a 1950. A MGM foi um dos estúdios que melhor soube aproveitar a chegada do cinema falado, produzindo filmes apoiados em nomes que conquistavam facilmente o público, além de grandes musicais.

Mas no final da década de 50, a situação financeira do estúdio começou a se tornar crítica. As super produções começaram a se tornar dispendiosas em uma época que filmes intimistas passaram a atrair o público. Foi nesse período que o estúdio fechou o departamento de animação, acreditando que poderia se manter com o reaproveitamento do material já produzido. Com isso, perderam a dupla Hanna-Barbera, que migrou para a televisão. Em 1957, a morte de Louis B. Mayer, marcou o início do declínio do estúdio.

A MGM na TV

Ao longo desse período, o estúdio manteve uma postura contrária à chegada da televisão. Dizem que Louis B. Mayer chegou a proibir seus funcionários de comprar o aparelho ou sequer de comentar sobre programas produzidos para a televisão. Mas em 1955 o estúdio precisou de dinheiro, rendendo-se ao veículo. Nesse ano, fundou a MGM Television, com a qual produziu o programa “MGM Parade”, que exaltava as celebridades contratadas pelo estúdio e suas produções. Este foi o único produto oferecido para o veículo. Somente em 1957, com a morte de Mayer, o estúdio voltaria a investir na TV, produzindo a série “The Thin Man” (1957-1959), adaptação do filme, que teve origem em um livro.

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Ao longo dos anos, outras adaptações foram feitas, como “Northwest Passage”, “National Velvet”, “The Asphalt Jungle” e “Cem Homens Marcados/Cain’s Hundred”. Mas foi com “Dr. Kildare”, em 1961, que o estúdio começou a gerar lucro com a TV.

O sucesso da série estrelada por Richard Chamberlain somente seria suplantado com a estreia de  “O Agente da UNCLE”, em 1964. Estrelada por Robert Vaughn e David McCallum, atualmente em “NCIS”, a série transformou-se em mania nacional, gerando centenas de produtos agregados e uma spinoff, “A Garota da UNCLE”, com Stefanie Powers, que não teve a mesma sorte.

Outra série de sucesso do período foi “Centro Médico/Medical Center”, produzida entre 1966 e 1976, que rompeu padrões, explorando temáticas tabus como a guerra do Vietnã e a homossexualidade. O estúdio somente emplacaria uma nova série com a produção de “CHiPs”, entre 1977 e 1983.

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Em 1982 a MGM Television uniu-se à United Artists (que já tinha adquirido o acervo da antiga Ziv Television), formando a MGM/UA Television, voltando a ser MGM Television em 1993. O período dos anos de 1980 e 1990 trouxe produções seriadas que conseguiram oferecer uma certa estabilidade para o estúdio, que produziu os remakes de “Além da Imaginação/Twilight Zone” e “Quinta Dimensão/The Outer Limits”, as versões para a TV de “Fama”, “In the Heat of the Night” e ‘Poltergeist”.

Mas é a franquia de “Stargate”, iniciada em 1997 que, de fato, vem sustentando o departamento de televisão do estúdio nos últimos anos. Nesse mesmo ano, a MGM Television comprou parte do acervo da Filmways, incluindo as séries “A Família Addams” e “Mister Ed”, lançando o canal MGM.

Em 1986 o estúdio sofreu seu primeiro ‘baque’, quando parte de seu acervo foi vendido a Ted Turner, proprietário da Turner Entertainment. Em 2006, Tom Cruise e Paula Wagner assumiram o comando da United Artists. Em 2007, o estúdio entregou à 20th Century Fox os direitos de distribuição internacional de seus títulos.

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Apesar das dificuldades financeiras, foi anunciada recentemente a pré-produção do filme “The Hobbit”, que terá o ator Martin Freeman, da série “Sherlock”, no papel de Bilbo Baggins.

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