Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana
Imagem Blog

Thomas Traumann

Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Thomas Traumann é jornalista e consultor de risco político. Foi ministro de Comunicação Social e autor dos livros 'O Pior Emprego do Mundo' (sobre ministros da Fazenda) e 'Biografia do Abismo' (sobre polarização política, em parceria com Felipe Nunes)

A oposição ganha um pênalti contra Bolsonaro

Ao fracassar na montagem de um programa social, o governo dá chance para os adversários

Por Thomas Traumann Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 21 set 2020, 12h37 - Publicado em 17 set 2020, 13h27

Esta semana se revelou o melhor cenário para as oposições desde que Jair Bolsonaro começou a recuperar a sua popularidade com a distribuição de R$ 600 do Auxílio Emergencial. A notícia de que o auxílio foi reduzido a R$ 300 estancou o crescimento de Bolsonaro nas pesquisas. Depois de bater o recorde de 52% de aprovação em 19 de agosto, Bolsonaro oscilou para 50% em 2 de setembro e 49% em levantamento divulgado na quarta-feira pelo PoderData.

A estratificação da pesquisa mostra que a aprovação do governo Bolsonaro caiu 10 pontos percentuais nas últimas duas semanas entre os eleitores com mais de 60 anos, aqueles que recebem entre 5 a 10 salários mínimos e os moradores da Região Sul. A rejeição ao presidente aumentou mais de 10 pontos percentuais entre os moradores da região Sudoeste. Bolsonaro bateu no teto.

Hoje a Caixa Econômica Federal iniciou o pagamento do Auxílio Emergencial reduzido a R$ 300 com várias surpresas. Como demonstraram os repórteres Julio Wiziack e Fábio Pupo, na Folha, na medida provisória que prorrogou o Auxílio Emergencial “o governo deu com uma mão e tirou com outra”.

A manobra está no prazo. Pela medida provisória, o auxílio de R$ 300 será pago até dezembro. Isso significa que apenas os que começaram a receber o benefício em abril terão direito a todas as parcelas: seis de R$ 600 e três de R$ 300. Os beneficiários que, por algum motivo, só foram cadastrados no programa depois de abril receberão as seis primeiras mensalidades de R$ 600 e o que faltar em vales de R$ 300 até dezembro. Nessa canetada, 6 milhões de pessoas ficarão sem receber as nove parcelas do programa. Com a artimanha, o Ministério da Economia estima economizar R$ 22,8 bilhões.

O Auxílio Emergencial salvou o Brasil de uma explosão social no início da pandemia de Covid-19, trouxe novos eleitores para Bolsonaro e tirou da oposição o monopólio do discurso da preocupação social. Só que ironicamente transformou Bolsonaro em um prisioneiro do sucesso. O presidente, agora, depende da manutenção do apoio entre os mais pobres para ter os votos para a reeleição em 2022, os mesmos eleitores que deram as vitórias ao PT em 2006, 2010 e 2014.

Continua após a publicidade

As idas-e-vindas do Auxílio Emergencial prenunciam as dificuldades do governo Bolsonaro em substituir o programa sem gerar traumas como foram o fim do regime cambial entre o primeiro e segundo governos FHC e o ajuste fiscal no início do segundo governo Dilma Rousseff. Esse medo explica o estresse do presidente com o ministro Paulo Guedes, que tanto em agosto, como nesta semana propôs o financiamento de um novo programa a partir de mexidas draconianas em outras políticas sociais, como o fim do abono salarial e do seguro desemprego e o congelamento do salário mínimo e das aposentadorias.

Em um vídeo intempestivo na terça-feira, o presidente Bolsonaro espinafrou Guedes, mas segue com o mesmo problema: não tem um novo Bolsa Família para chamar de seu. A incapacidade de Guedes em compreender que não dá sempre tirar com uma mão para dar com a outra o tornou um ministro fraco.

O rebaixamento de Guedes tem um custo que pode ser mensurado na curva dos juros de longo prazo, mas é mais grave que isso. Nas rodas de empresários e agentes da Avenida Faria Lima já se especula abertamente sobre a sucessão no Ministério e como um novo ministro terá dificuldades em lidar com o ímpeto populista do presidente. Isso vai se refletir nos investimentos e na credibilidade dos papeis de empresas brasileiras a partir de 2021.

Continua após a publicidade

O cenário desta semana mostra que o apoio popular a Bolsonaro está claudicante, o Auxílio Emergencial tem maldades que ainda não foram percebidas por todos, o governo não sabe como criar um programa substituto e o ministro da Economia está ferido. Em condições normais de temperatura e pressão, um governo desorientado é uma benção para as oposições. Em junho, a situação para Bolsonaro era até mais grave, mas as oposições se perderam discutindo o que cada uma havia feito no verão passado. Este tipo de oportunidade é igual pênalti. Você pode perder um pênalti e ainda ganha o jogo, mas é mais fácil quando você acerta.

As oposições têm as seguintes opções:

A. Discutir se Sergio Moro foi um juiz equilibrado na Lava Jato

Continua após a publicidade

B. Debater a cobertura do Jornal Nacional, de VEJA e da Folha

C. Tentar eleger uma boa bancada de vereadores

Ou

D. Usar a campanha eleitoral para defender no Congresso a aprovação de uma renda básica e arrancar de Bolsonaro a bandeira social.

Publicidade

Imagem do bloco

4 Colunas 2 Conteúdo para assinantes

Vejinhas Conteúdo para assinantes

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

a partir de 39,96/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.