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Thomas Traumann

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Thomas Traumann é jornalista e consultor de risco político. Foi ministro de Comunicação Social e autor dos livros 'O Pior Emprego do Mundo' (sobre ministros da Fazenda) e 'Biografia do Abismo' (sobre polarização política, em parceria com Felipe Nunes)
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Bolsonaro virou Crivella

Pesquisas mostram que a reeleição do presidente hoje é inviável

Por Thomas Traumann Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 11 jul 2021, 07h59 - Publicado em 10 jul 2021, 09h49
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  • As cinco pesquisas divulgadas nesta semana (Quaest, PoderData, Ipespe, Datafolha e Ideia) mostraram que o governo Bolsonaro está em seu pior momento. Todas desenham um quadro no qual três de cada quatro brasileiros consideram o governo ruim ou péssimo, Luiz Inácio Lula da Silva ou vence ou está perto de vencer a eleição já no primeiro turno e a rejeição ao presidente Jair Bolsonaro está crescendo.

    Não há nada no horizonte que mostre que esse quadro possa melhorar no curto prazo. Ao contrário. As pesquisas foram realizadas antes do aumento dos combustíveis e da conta de luz anunciadas nesta semana, além das novas ameaças golpistas do presidente. A CPI da Covid ganha mais repercussão com as provas de corrupção na encomenda de vacinas pelo Ministério da Saúde e a dúvida hoje é descobrir o quão perto o esquema chegou da família Bolsonaro. Há o risco de racionamento de energia a partir de outubro. O governo só volta a produzir boas notícias no ano que vem, com o novo Bolsa Família e maior liberdade no orçamento para obras. Pode ser tarde demais.

    Politicamente, Bolsonaro hoje é comparável com Marcelo Crivella, o bispo da Igreja Universal que foi eleito prefeito da cidade do Rio de Janeiro em 2016 em circunstâncias singulares. Sem nenhuma experiência, Crivella se destacou com o pior prefeito da história do Rio, um feito em uma capital conhecida por não ter bons administradores. Quando chegou a eleição de 2020, Crivella era rejeitado pela maioria dos cariocas, mas mantinha 20% dos votos. Foi o suficiente para ir ao segundo turno e ser massacrado por Eduardo Paes, cujo único trabalho na campanha foi não produzir marola. É ingenuidade imaginar que Lula não será capaz de fazer o mesmo em 2022.

    Perguntados pelo Datafolha diante de uma lista de atributos que melhor definiriam Bolsonaro, os eleitores o qualificaram como desonesto, despreparado, indeciso, falso, incompetente, autoritário, favorece os ricos e demonstra pouca inteligência.

    As pesquisas mostraram ainda que:

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    59% não votariam em Bolsonaro em hipótese alguma (Datafolha)
    57% acham que Bolsonaro não merece ser reeleito (Ideia)
    47% dos brasileiros que dizem ter votado em Bolsonaro em 2018 agora dizem rejeitá-lo e 26% dos que votaram em Bolsonaro em 2018 agora defendem o impeachment (PoderData)

    Pelas sondagens é possível inferir que Bolsonaro tenha um piso eleitoral mais perto dos 30% do que dos 20%, mas a rejeição que ele provoca no eleitorado é tão intensa que o transforma num candidato inelegível. A preços de hoje, não há como Bolsonaro se reeleger – o que não significa que ele não possa se recuperar no ano que vem.

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