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Thomas Traumann

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Thomas Traumann é jornalista e consultor de risco político. Foi ministro de Comunicação Social e autor dos livros 'O Pior Emprego do Mundo' (sobre ministros da Fazenda) e 'Biografia do Abismo' (sobre polarização política, em parceria com Felipe Nunes)

Jaques Wagner pode assumir coordenação da campanha de Lula

Indefinição sobre candidatura do PT na Bahia pode decidir braço-direito de eventual governo Lula

Por Thomas Traumann Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 23 fev 2022, 20h01 - Publicado em 23 fev 2022, 17h36

O senador Jaques Wagner deve ser um dos coordenadores nacionais da campanha presidencial de Lula da Silva e não se candidatar ao governo da Bahia. Dois interlocutores de Wagner e Lula informaram nesta quarta-feira (23) que a tendência é que o PT ceda o lugar para que o senador Otto Alencar, do PSD, seja o candidato a governador. O atual governador da Bahia, Rui Costa, seria o candidato ao Senado. A decisão final será anunciada depois do Carnaval.

Amigo de Lula desde os anos 1980, quando ambos dividiam um chevete para abrir diretórios municipais do PT no interior baiano, Wagner se torna imediatamente o braço-direito de Lula na campanha se não for candidato. A campanha de Lula terá na coordenação a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e os ex-ministros Franklin Martins, Aloizio Mercadante e Luiz Dulci.

Ex-ministro do Conselho da República, do Trabalho, das Relações Institucionais, da Defesa, da Casa Civil e do Gabinete Presidencial, o senador é um coringa. Em 2018, quando estava preso em Curitiba, Lula sugeriu Wagner como seu substituto e só depois da recusa é que procurou Fernando Haddad para ser o candidato a presidente. Em um eventual terceiro governo Lula, Wagner pode ser de ministro da Casa Civil ao da Fazenda.

A decisão de Wagner incorre em riscos. Sem ele, é grande a possibilidade de o PT perder o governo da Bahia depois de quatro mandatos (dois dele, entre 2007-14 e dois de Rui Costa, de 2015 até agora). Pesquisa da empresa Real Time, encomendada pela TV Record, mostra o ex-prefeito de Salvador ACM Neto em primeiro lugar nas intenções de voto com 45%, seguido de Wagner com 30% e o ministro bolsonarista João Roma com 9%. Sem o petista, a liderança de ACM Neto vai a 48%, Otto Alencar tem 17% e Roma 10%. Quando os entrevistados são lembrados que Otto pode ter o apoio de Lula, seu índice sobe a 28%, mas Neto ainda tem 44%.

As eleições na Bahia não são para amadores. Em 2006 e 2014, as pesquisas cravaram a derrota do PT até poucas semanas antes da eleição e, em ambos os casos, o partido venceu no primeiro turno. Mas mesmo os petistas reconhecem que ACM Neto é um adversário mais sólido que os anteriores.

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Quase a totalidade da direção nacional do PT quer que Wagner seja candidato a governador. Os dirigentes do PT acham que entregar o governo da Bahia mesmo a um aliado como o PSD é um preço alto demais e, no futuro, coloca em risco a supremacia do PT na região Nordeste. A pressão sobre Wagner nos próximos dias será intensa.

Quarto maior colégio eleitoral do País, a Bahia se tornou uma fortaleza do PT desde 2002, quando Lula levou dois de cada três votos baianos contra José Serra. Depois de cinco vitórias seguidas e 16 anos de administração estadual petista, a dúvida baiana para a eleição presidencial desde ano não é se Lula vai levar a maioria, mas se a sua vantagem vai chegar a 4 milhões de votos já no primeiro turno. Mas a mudança na candidatura ao governo pode alterar esse quadro.

Nas conversas, Jaques Wagner prometeu um anúncio final até 13 de março. A definição tem implicações em vários níveis. Caso Wagner desista da candidatura, é mais que provável que o PT tente obter alguma vantagem do PSD, o partido de Gilberto Kassab. Já é dado de barato que Kassab vai apoiar Lula em um segundo turno contra Jair Bolsonaro, mas o apoio petista à candidatura do PSD na Bahia pode reabrir as negociações.

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