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A americana que viralizou Machado de Assis: ‘Igual Shakespeare’

Courtney Henning Novak impulsionou a obra do autor brasileiro após publicação nas redes sociais

Por Nara Boechat 18 set 2024, 10h00
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  • Ela tinha apenas a intenção de ler autores conhecidos de diversos países, além dos Estados Unidos, mas sua saga acabou promovendo-a como fenômeno nas redes sociais. Courtney Henning Novak, 45 anos, atraiu a atenção no TikTok com um depoimento apaixonado pelo escritor Machado de Assis (1839-1908), após ler o livro Memórias Póstumas de Brás Cubas. A publicação viralizou entre os brasileiros, impulsionando as vendas da obra lá fora. A influenciadora digital vai participar de dois eventos de literatura em São Paulo: uma palestra no Festival Literário do Museu Judaico, nesta quarta-feira, 18, e um debate no domingo, 22, na Biblioteca Parque Villa-Lobos. Em entrevista à coluna GENTE, Novak fala das expectativas com a viagem ao Brasil e reforça a importância de Machado de Assis: “Deveria ser tão celebrado quanto Shakespeare”.

    O que a atraiu em Memórias Póstumas de Brás Cubas? Procurei livros famosos e populares de autores brasileiros, e Machado de Assis foi mencionado em todos os lugares. Quando li a descrição de Memórias Póstumas de Brás Cubas, sabia no meu íntimo que era aquele que eu tinha que ler.

    Como se sentiu quando percebeu que seu vídeo se tornou viral e teve um impacto na popularidade do livro? Foi surreal! Ainda não acredito!

    Que aspectos da escrita de Machado de Assis mais refletem em você? Adoro como a gente consegue sentir a sua paixão. Ele claramente se divertiu muito escrevendo Memórias Póstumas de Brás Cubas e não se importou em escrever um romance que se encaixasse nas expectativas de todos. Ele escreveu com o coração, com as entranhas e a alma.

    Encontra paralelo entre seu texto e a literatura americana? Particularmente, não. Em vez disso, continuei pensando que seu estilo de escrita é tão novo, vital e completamente seu. O que ele faz com a linguagem e a narrativa é quase divino. Ele deveria ser tão celebrado quanto Shakespeare.

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    Já explorou outras obras de autores brasileiros? Eu li A Hora da Estrela, de Clarice Lispector, e adorei. É como se ela estivesse inventando a linguagem do zero enquanto também penetrava nos mistérios da humanidade. Estou planejando ler Capitães da Areia, de Jorge Amado, em seguida. Mas, primeiro, estou tentando terminar autores de todos os países, é minha missão “ler ao redor do mundo”. É difícil manter o foco nessa missão, porque a literatura brasileira é muito tentadora.

    Como a literatura preenche lacunas culturais entre os Estados Unidos e o Brasil? A palavra “ponte” é a maneira perfeita de descrever a literatura. Um bom livro lembra que somos todos humanos fazendo o nosso melhor para descobrir esse negócio louco chamado vida. Minha jornada “de ler ao redor do mundo” me mostrou, repetidamente, que não existe uma única maneira certa de ser humano. Existem tantas maneiras completamente diferentes de vivenciar e celebrar a vida, e essas diferenças são o que a tornam tão interessante e envolvente.

    O que pensa de vir a São Paulo para eventos literários? Sempre que penso na minha viagem a São Paulo, meu corpo inteiro formiga de alegria. Estou mais animada para experimentar as comidas locais e conhecer as pessoas. Os americanos costumam ser rudes, críticos e julgadores sobre as menores coisas. As interações que tive com os brasileiros são tão positivas que mal posso esperar para aprender mais sobre a cultura brasileira. Acho que os Estados Unidos têm muito a aprender com o Brasil.

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    Por fim, que mensagem gostaria de compartilhar com seguidores brasileiros que foram inspirados a ler Machado de Assis por sua causa? Gostaria de gritar um enorme ‘obrigado’ pela empolgação de todos. É contagiante e me inspirou a ler Dom Casmurro e A Hora da Estrela. Mal posso esperar para ler mais autores brasileiros.

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