A despedida de Neguinho da Beija-Flor do Carnaval do Rio
Substituto será escolhido em reality show musical

Depois de meio século como a voz inconfundível do Carnaval carioca, Neguinho da Beija-Flor, 75 anos, nunca viveu um desfile como o deste ano, embalando a escola campeã que lhe deu até o nome, registrado em cartório e tudo. Segundo já havia anunciado, foi sua última participação como puxador de samba — uma decisão duríssima, que teve a ver com o fato de já começar a esquecer as letras de músicas que sempre cantou. Para baixo, ele não está. “Carnaval não rende nada financeiramente. Com a aposentadoria, vou atuar em shows, como fazem os amigos”, disse. Ao fim da passagem da agremiação de Nilópolis na Sapucaí, porém, Neguinho desabafou, sem conter as lágrimas: “Sou o ser humano que vai morrer duas vezes, porque morri um pouco no fim desta apresentação”. Seu substituto será escolhido em um reality show musical, na Globo, no qual ele promete fazer honrar o concorrido posto. “Serei um jurado difícil, não é qualquer um que vai chegar aqui, não”, avisa.
Com reportagem de Duda Monteiro de Barros, Giovanna Fraguito, Lucas Mathias, Ludmilla de Lima, Mafê Firpo e Nara Boechat
Publicado em VEJA de 7 de março de 2025, edição nº 2934