Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana
Imagem Blog

VEJA Gente

Por Valmir Moratelli Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Notícias sobre as pessoas mais influentes do mundo do entretenimento, das artes e dos negócios

A explicação para o choro de Caetano Veloso ao ouvir Xande de Pilares

Sambista fala à coluna VEJA Gente sobre o elogiado álbum ‘Muito Romântico’, apenas com músicas do baiano; assista ao vídeo

Por Valmir Moratelli Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 13 Maio 2024, 22h41 - Publicado em 21 ago 2023, 09h30

Xande de Pilares, 53 anos, fez Caetano Veloso chorar. E chorar pra valer. Ao sair da gravação de seu álbum Muito Romântico, na outra sala do estúdio estava o baiano ouvindo suas doze canções em ritmo de pagode, que voltou com força total pelo país. A produção já é recebida pela crítica especializada como um dos maiores feitos musicais de 2023. A coluna VEJA Gente bateu um papo com Xande para falar dessas referências e da emoção de ter tocado o coração de seu ídolo.

Você já sofreu preconceito por tocar pagode? Já, muito. Quando fui estudar música, o cara perguntou o instrumento que eu tocava, falei ‘cavaquinho’ e ele: ‘Aqui não, aqui a gente não dá aula de cavaquinho’. Por que bandolim pode e cavaquinho não? Preconceito.

O que o pagode tem que os outros ritmos não têm? O pagode canta qualquer ritmo, porque ‘ele’ gosta da música. O pessoal do pagode canta sertanejo, forró, funk. O pagode tem isso, escuta todo mundo, presta atenção no que todo mundo faz e prestigia. Já na hora de retribuir, rola um preconceito.

Sobre cantar Caetano Veloso, como está sendo o processo de escuta das pessoas? Caetano é uma emoção diferente que estou vivendo. Esse trabalho foi gravado na pandemia, era para comemorar os 80 anos do Caetano e estava acontecendo muita coisa, confusão política… Aí lançamos no momento. E eu não me escuto, gravo meu disco, escuto lá na hora para ver se tem que consertar alguma coisa, e não me escuto mais. Com esse do Caetano, estou escutando todo dia, toda hora, é uma coisa que vivi na infância. Escutei Roberto, Caetano, Gil e Chico. E o Caetano era um ídolo inalcançável. Achava que nunca iria conhecer o Caetano.

Continua após a publicidade

E como se aproximaram? Pretinho da Serrinha me leva para casa da Paula (Lavigne), a gente tinha umas cantorias lá e no final de cada cantoria tinha sempre um bate-papo, o Caetano estava sempre envolvido ali. E aí cantei uma música que Bethânia gravou dele, chamada Ela e Eu, com um cavaco na mão. Ele veio e parou do meu lado: ‘Interessante isso, nunca vi essa música tocada no samba’. Falei: ‘Não, Caetano, é porque lá em casa só tinha revista de violão. Tinha que decorar a cifra para transportar para o cavaquinho. E aí aprendi a transformar tudo de MPB em samba’.

Esse disco quebra o preconceito de que pagodeiro não pode tocar nomes da MPB? Quebra totalmente, porque é não é uma determinada música que um pagodeiro gravou, é um disco cheio! Chamou a atenção pelo cuidado com que foi feito, ninguém estava pensando em fazer sucesso, e sim orgulhar o Caetano, uma forma de presentear e ser presenteado. E as atenções estão todas voltadas para esse disco. E vou te dizer um negócio: é o disco que destaco como troféu, por todo trabalho que tenho desde os 12 anos até hoje, nos meus quase 54.

E aquelas lágrimas no estúdio? Como você as recebeu? Eu saio de lá e já estava chorando, cantando, enxugo as lágrimas. Quando eu entro, dou de cara com o Caetano meio assim. Pergunto se ele estava chorando e o Pretinho: ‘Ai…’. E ele vai aos prantos. Então aquilo ali me emocionou, porque é o ídolo emocionado com a sua interpretação. Não tem nada melhor que viajar na poesia de Caetano. Quando eu cantava Trilhos Urbanos, parecia que eu estava em Santo Amaro. Me sinto privilegiado de virar para o meu povo do samba e dizer: ‘Ó, vem que todo mundo pode’. Vamos prestigiar essa galera, porque eles trabalharam para caramba para que a gente tenha o privilégio de subir no palco hoje. Eles foram presos, exilados, passaram pela porra toda. A música brasileira não tem que ter preconceito, tem que ter coragem, carinho e respeito’.

.
Xande de Pilares – (Alex Campêlo/ Ag.Fpontes//Divulgação)
Publicidade

Imagem do bloco
Continua após publicidade

4 Colunas 2 Conteúdo para assinantes

Continua após publicidade

Vejinhas Conteúdo para assinantes

Continua após publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

a partir de 39,96/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.