A ideologia política de Silvio Santos: beija-mão de militares a Bolsonaro
Fundador do SBT, apresentador morreu neste sábado, 17, aos 93 anos
A julgar pelas declarações públicas e mesmo pelos convidados políticos levados ao seu programa, Silvio Santos não poderia ser considerado nem de esquerda, nem de direita. Começando pela própria história do SBT, fundado no governo de Figueiredo, último general do período militar. Foi quando Silvio ganhou a concessão de parte dos canais da TV Tupi, incluindo o de São Paulo, possibilitando a passagem da TVS a SBT. Em 2017, em um programa de domingo, chegou a afirmar sobre Figueiredo: “Sou muito grato a ele. Se não fosse ele, eu estava vendendo caneta na praça da Sé”.
Leia também: Quem assume o SBT agora sem a presença de Silvio Santos
Com o quadro, O Dia do Presidente, a emissora dava a agenda do governo no meio de sua programação – isso perdurou até período recente, nos anos 1990, já na democracia. Em seus programas, passaram todos os presidentes da era democrática: Fernando Collor, Fernando Henrique Cardoso, Lula, Dilma e, mais recentemente, Bolsonaro. Em todas as visitas, ele se mostrava íntimo ou de acordo com suas políticas então vigentes. Nunca foi de declarar voto, mas mostrava admiração e respeito por quem concordasse em visita-lo ao vivo. O apoio do SBT a Bolsonaro foi identificado pelos telespectadores na mensagem “Brasil ame-o ou deixe-o”, tão utilizada no período militar para escancarar a perseguição aos opositores do regime, e que voltou a figurar na vinheta da emissora em 2018.
Leia também: Mitos e verdades sobre o ‘Dono do Baú’ e do SBT
Amigo de “quem ocupa o poder”, Silvio conseguiu a proeza de não se queimar mesmo sem se manter em cima do muro, tomando lados às vezes conflituosos com a liberdade de expressão que tanto defende a TV aberta, da qual fez parte e ajudou a popularizar no país. Ao seu lado, não estavam os eleitores de direita ou de esquerda, mas os fiéis telespectadores que enxergavam nele o carisma à frente de qualquer suspeita.