Irene Ferraz está de volta. Diretora da tradicional Escola de Cinema Darcy Ribeiro por 20 anos, ela acaba de lançar a Alfândega, que estreia com dois cursos. “Eu estava comandando um transatlântico e agora me lancei ao mar”, brinca, referindo-se ao prédio histórico no Centro do Rio, em que a escola funcionava e que teve que ser devolvido aos Correios durante o governo passado. No rol de palestrantes da Alfândega, nomes como Ruy Guerra. “É desafiador nesta contemporaneidade, criar novos formatos de cursos, agregando criação e a tecnologia sem perder o frescor da obra artística, tendo em vista o cenário da virtualidade que se descortinou a nossa frente”, diz ela.
A relação de Irene, ex-mulher do antropólogo Darcy Ribeiro (1922-1997), com o audiovisual remete aos anos 1980, quando atuou como produtora executiva de filmes e documentários. No início dos anos 2000, idealizou e fundou a Escola de Cinema Darcy Ribeiro – referência na formação de profissionais do audiovisual. Em dezembro de 2018, a escola foi declarada Patrimônio Histórico, Cultural e Imaterial do estado do Rio de Janeiro. Na gestão Bolsonaro, tiveram que desocupar a antiga sede, como parte do projeto do governo de privatizar os Correios. “Tivemos que nos mobilizar com os advogados e tentar responder, passamos o período da Covid cuidando dessa questão judicial. No fim, com os mandados de segurança, a escola perdeu”, disse na época.