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Alexandre Borges sobre fim de contrato com a Globo: ‘nada é para sempre’

Ator, em cartaz no Teatro Oficina com ‘Esperando Godot’, faz à coluna GENTE balanço de seus 40 anos de carreira

Por Giovanna Fraguito 20 dez 2024, 12h00

Após três décadas, Alexandre Borges reencontra a companhia do Teatro Oficina Uzyna Uzona na peça Esperando Godot, que já fez uma temporada no Rio e agora segue em cartaz no Teatro Oficina, em São Paulo. Ele divide a cena com Marcelo Drummond, em uma das montagens mais populares do teatro do absurdo. Quem o convidou para viver o personagem foi o diretor José Celso Martinez, que dirigia a produção e morreu em decorrência dos ferimentos causados por um incêndio que atingiu sua casa em julho de 2023. Alexandre, em conversa com a coluna GENTE, fez um balanço da carreira e do novo momento de contratações temporárias da TV Globo. 

Esperando Godot foi a última montagem de Zé Celso no Teatro Oficina, e ele próprio te convidou para viver o personagem em 2022. Como foi isso? Foi um retorno ao Teatro Oficina. Em 1993 fiz Hamlet com ele. A vida andou, fiz novelas, casei, tive filha, mas nunca voltamos a trabalhar juntos. Em 2022, ele me ligou com a vontade de montar Godot e foi uma união de coisas. A gente começou os ensaios no meu aniversário e estreou no aniversário dele, em 2022. Foi um sucesso. No ano passado tivemos um momento de luto e agora, um ano depois, a gente remontou a peça em homenagem a ele.

O texto é original de 1949. Como se mantém atual? Foi escrito no final da Segunda Guerra, a Europa devastada, Samuel Beckett e vários artistas estavam pensando: o que fazer? O que colocar em cena? Ele começa a escrever em função do desamparo. O quanto a gente busca e no fundo não tem resposta. A gente vive num vazio intenso. Nos dias de hoje, século 21, futuro, pós-pandemia, todo mundo pensou que as coisas iriam ficar melhores, que daria valor à solidariedade, mas isso não aconteceu. Ele não deixa de ser atual,  porque a gente vive num mundo apocalíptico.

Você está comemorando 40 anos de carreira. Que balanço faz da efeméride? Gratidão. Para seguir a carreira de artista no Brasil tem que ter insistência, fôlego, perseverança e coragem de insistir. Encontrei muitas pessoas maravilhosas pelo caminho que me ensinaram e me ajudaram. A televisão foi um veículo maravilhoso, que me proporcionou trabalhos com pessoas incríveis, me deu popularidade atingindo milhões de pessoas. É muito bom, bonito para o ator esse carinho do público na rua.

Seu último trabalho na TV Globo foi em Elas por Elas, em 2023. Mas você é muito lembrado por trabalhos anteriores. Gosta da nostalgia? A vida é assim, são ciclos, nada é para sempre. Hoje tenho certa conquista financeira, graças à Globo. É uma troca, claro, sou contratado e ofereço meu trabalho. Mas o importante é o agora, o que foi, foi, o importante é ter feito o seu melhor e aproveitado cada momento. Agora é se adaptar aos novos formatos, novos tipos de fazer. 

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A incerteza da profissão te traz angústia? Profissionalmente, sempre tive consciência que tudo que fosse acontecer seria meio acidental. De alguma maneira alguém pensou em mim (para os papéis). Por isso a gente fala da importância do teatro na vida do ator. O teatro possibilita, se você tiver força, personagens até o final da vida. Tem personagens para fazer de toda a faixa etária, profundidade, porque tenho que falar no momento que estou agora. Preciso de personagens que dialoguem com essa fase da vida, com as minhas questões, dúvidas, vivências.

Falta esse cardápio de possibilidades para atores mais velhos na TV? Não acho que falta. Vão sempre precisar de personagens mais experientes. O pai, o avô ou então um romance da terceira idade, aventura de um personagem nos 60, 70 se reinventando. Arte é um espelho. E o público de TV é diverso. Por exemplo, quando uma senhora de 70 anos vê um ator de 20 é uma coisa, quando ela vê um ator de 70 é diferente. Provavelmente, aquele ator está dizendo coisas que ela está vivendo, que ela se reconhece. Mas a gente sabe que o entretenimento, aí não é só novela, foi sempre buscando por uma geração mais nova, dialogando com a juventude, que é importante também. Sempre vai ter espaço para pessoas mais velhas, mas tem mais personagens jovens. 

O que pensa sobre contratos por obras? Isso é muito lógico. Quando acabava uma novela, existia a concorrência, que podiam te chamar para fazer uma coisa ou outra. A exclusividade de estar ali à disposição da Globo foi um momento do mercado. Agora mudou. A Globo quer que os atores apareçam, façam seu próprio conteúdo, criem seus caminhos. E voltem lá também, em contrato normal, de qualquer coisa que faça. Isso é saudável. Fiquei 30 anos contratado, é muito tempo. Tem que abrir espaço para os que estão chegando. A empresa não suporta um casting desses. A minha vida nesse sentido já foi feita, agora tem que pensar nos jovens, quem está chegando.

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Como encara seu processo de envelhecimento? Quais são os lados positivos e negativos? O positivo é que estou aqui, vivo, acumulando experiências. Procuro manter uma disposição para acordar e ter pique, vontade, tesão de trabalhar. Mas existe um monte de coisa que envolve a profissão. Virar a noite ensaiando, não ter horário, às vezes não ter férias, não ter Natal, não poder ver a família. Tudo isso com o decorrer dos anos vai pesando, ninguém é super-heroi. O prazer ajuda no cansaço de uma carreira longa.

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