Não é fácil recomeçar uma, duas, cinco vezes… Mas esses processos não parecem intimidar a gaúcha Anne Lottermann, 40 anos. Após onze anos de uma carreira em ascensão na TV Globo, onde apresentava a previsão do tempo no Jornal Nacional, ela surpreendeu a todos ao pedir demissão rumo a um novo desafio: trabalhar com Fausto Silva na Band, que também apontava para recomeços. A aventura ao lado do amigo não chegou a dois anos. O programa não deu certo, já saiu da grade. Mas ela jura não se arrepender. Em 2017 perdeu o marido, Flávio Machado, com quem foi casada por doze anos e teve dois filhos, Gael, 11, e Leo, 9. Agora, novos recomeços. Na TV Cultura, apresenta o game Quem sabe, ganha; e na internet, o D’anne-se, onde reúne mulheres para debaterem temas variados numa mesa de bar. Anne é a convidada da semana no programa da coluna Gente no YouTube. Confira o bate-papo.
LIÇÕES DE FAUSTÃO. “Foram meses intensos, o tanto que aprendi trabalhando com Faustão. A gente até fez uma conta uma vez, se fosse um por semana, um por domingo, seria o equivalente a sete, oito anos de programa. O que mais aprendi com Faustão foi a humildade de tratar as pessoas igual, sempre. Não importa a função, o cargo, todo mundo é igual. Até porque o mundo dá voltas e um dia você está em cima, outro está em baixo. Um dia você precisa de alguém, no outro vai ajudar alguém. E essa também é a beleza da vida. Manter o pé no chão é o que mais aprendi com o Faustão. Não se iludir, achar que chegou no topo. Não existe topo, é uma fase.”
SAÍDA DA GLOBO. “O ego não vai levar a lugar nenhum. E que bom que consegui me manter firme e forte, sabendo que era uma fase. Como foi na Globo, doze anos lindos. Saber colocar o ego no devido lugar faz toda a diferença. Até para você sofrer menos quando um projeto acaba. Nunca imaginei que eu sairia da Globo, a verdade é essa. E eu não sairia da Globo se não fosse o convite do Faustão. Hoje olho para trás e penso: ‘só um Faustão poderia me tirar da Globo’. Como se fala ‘não’ para o Faustão? Essa foi mais uma porta que se abriu e naquele momento e pensei: ‘é uma porta importante’. Não me arrependo. Que bom que não tive coragem de dizer ‘não’ para ele.”
VISITAS AO AMIGO. “Ele está bem. Fausto precisa de tempo para se recuperar. Passar por duas cirurgias tão grandes como passou não é algo simples, não é fácil. Para qualquer um seria difícil, mas graças a Deus Fausto está super bem assistido, tem muita gente em volta dele, cuidando dele. Estive com ele na segunda-feira, é maravilhoso, muito forte, é surreal. Se depender dele, ele volta (para a TV). Ele é louco para voltar. Está doido para fazer alguma coisa, está se coçando para poder voltar logo e fazer alguma coisa na televisão.”
DEPOIS DO LUTO. “Quando meu marido faleceu, tinha a opção de ficar deitada na cama com depressão ou sair dali. E o que me batia era: que mãe você quer ser para seus filhos? A que desistiu da vida depois que o marido faleceu ou a que foi incrível, que lutou, foi atrás, bancou, sustentou, viajou e foi uma mulher feliz? Aí falei: é essa mulher que quero ser. Então só tem uma opção. A morte do meu marido foi um grande marco da minha vida, o mais importante. O que me fez olhar para minha força. Olhar pros meus filhos e falar: ‘você vai ter que seguir sua vida e não tem outra opção’. Quando não se tem outra opção, fica mais fácil. Minha vida foi sempre de luta e se isso serve de inspiração para outras mulheres, que bom.”