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Autora de ficção policial explica sucesso do ‘true crime’: ‘medo’

Luciana de Gnone falou com a coluna GENTE diretamente de Paraty

Por Giovanna Fraguito, Valmir Moratelli Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 14 out 2024, 20h32 - Publicado em 12 out 2024, 09h00

Em meio à Festa Literária Internacional da cidade (Flip), Luciana de Gnone, autora de ficção policial, falou com a coluna GENTE sobre o gênero que trabalha. A escritora possui seis livros publicados, e alguns deles, como o Evidência 7, são ambientados no Rio de Janeiro contemporâneo. Aliás, essa obra será adaptado para o streaming em breve. Os livros de Luciana também levam a marca de serem protagonizadas por mulheres. A seguir, o bate-papo.

Como a literatura policial entrou na sua vida? A literatura entrou pela policial. Eu não fui uma criança leitora e não tenho vergonha nenhuma de falar isso, porque posso incentivar pessoas que hoje não são leitores a ler, a saber que existe salvação (risos). Comecei a ler pelos livros de Sidney Sheldon e me encantei, com essa mistura de crime, de suspense, de romance. Quando decidi me envolver profissionalmente, sabia que ia ser através dessa linha.

No seu ponto de vista, a que se deve esse interesse cada vez maior pelo true crime? Acho que é o medo, o medo faz a gente se aproximar desse mundo. O medo de sofrer uma violência, o medo de ter alguma coisa com algum familiar. Por isso  escrevo também, para colocar para fora aquele sentimento de angústia, de situações do dia a dia que perturbam, que inquietam… E todos os meus seis livros abordam temas que precisam ser refletidos pela sociedade, discutidos, analisados e nunca esquecidos.

Uma característica forte que permeia seus livros é a questão do protagonismo feminino. Por que essa escolha? Inicialmente foi natural, sendo eu uma autora feminina, era mais fácil falar de personagem feminina. Depois, comecei a perceber que passou a ser de propósito, para preencher uma lacuna que a ficção policial sempre teve. Ela tradicionalmente traz detetives extraordinários e a mulher estava sempre em segundo plano  – ou ela é uma vítima ou uma auxiliar do detetive. Nunca a protagonista. Óbvio que algumas autoras do passado traziam um pouco, mas no modo geral era homem o protagonista. Quis preencher essa lacuna. Exatamente para tomar esse espaço de que a mulher, além de tudo, pode ser uma grande detetive.

Você também passou por um país um tanto quanto exótico para o olhar brasileiro ao longo da vida, certo? Eu morei no Cazaquistão. Todo mundo, quando falo isso, se admira. E veio através do meu marido, que recebeu uma proposta para exercer uma função lá e a gente foi em 2009. Eu, com dois filhos pequeno, tendo que me reinventar lá. A comunidade estrangeira é muito unida e isso me ajudou na adaptação, foi inclusive um dos países que me adaptei com mais facilidade. Exatamente por ser tão exótico, tão diferente do nosso olhar ocidental, a comunidade acaba se juntando mais e se fortalecendo. Cria-se uma rede de apoio bacana.

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Pode falar um pouquinho da sinopse de um dos seus livros? O Evidência 7, publiquei de maneira independente em 2021. E agora está sendo relançado no próximo mês pela Mapa Crime, um novo empreendimento da editora Mapa Lab. Trata-se da história de uma policial amargurada, que precisa decifrar pistas enigmáticas de uma série de crimes, e essa obsessão em descobrir o assassino a coloca na mira do criminoso. É um thriller policial, ambientado no Rio de Janeiro, passado em 2015. Além disso, tem um projeto de adaptação para audiovisual em curso.

 

A cobertura da coluna teve apoio do Instituto CCR, patrocinador e parceiro oficial de mobilidade da Flip.

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