CEO de empresa audiovisual comenta regulamentação do mercado brasileiro
Gustavo Nieto Roa é fundador do grupo Centauro Comunicaciones
Presente no mercado audiovisual há mais de 45 anos, sendo 30 deles também no Brasil, o grupo Centauro Comunicaciones, tem estúdios próprios nos Estados Unidos, Colômbia e México. É uma das maiores empresas de localização de conteúdos da América Latina, atendendo players do mercado local e internacional, como Netflix, Disney, Warner Media e Audible. Gustavo Nieto Roa, fundador e CEO do grupo, falou com a coluna sobre sua visão do mercado audiovisual brasileiro, à luz da recente lei das cotas para produtos nacionais e regulamentação dos streamings.
O que faz uma empresa de localização de conteúdos? É a responsável pelo processo de tradução e adaptação do conteúdo para o idioma local, dublando e legendando, sempre considerando as questões linguísticas, sociais e culturais, comunicando e transmitindo a mensagem pretendida, conservando a essência do conteúdo original.
Como o senhor vê o mercado brasileiro hoje? É um dos principais do mundo, o brasileiro gosta de consumir conteúdo, seja na tela grande, na TV ou no celular, e temos uma contribuição significativa na bilheteria de filmes internacionais. Em relação ao mercado de filmes brasileiros, temos ótimas produções. Fico feliz que começamos o ano de 2024 com sucessos de bilheterias: Mamonas Assassinas, Minha Irmã e Eu e Nosso Lar 2.
No Brasil foi aprovada recentemente a Lei das Cotas para produtos nacionais. O que acha dessa regulamentação? Acho muito importante. O Brasil tem excelentes profissionais, com grandes histórias para contar e que trabalham arduamente para produzir um filme até chegar aos cinemas. Precisamos que o produto nacional seja valorizado tanto pelos exibidores quanto pelo público e tenha seu espaço nas salas de cinema e com uma programação premium. A lei de cotas afetou positivamente neste momento que começamos a investir em produção nacional.
E sobre os projetos de lei para regulamentar os streamings? É fundamental para o mercado audiovisual brasileiro. O streaming é mais um canal de distribuição de conteúdo e como outros meios, é importante que tenha regulamentação. Quanto mais produções locais, mais geração de emprego, mais capacitação profissional, movimentando diretamente a economia do país. E ainda sobre regulamentação em nosso setor, é imprescindível falarmos sobre as questões éticas e de direitos autorais de novas tecnologias, tais como inteligência artificial que, sem parametrização corre o risco de ser uma ferramenta que descaracteriza a cultura. A arte, na interpretação para uma filme, série ou dublagem, traduz a essência que temos no nosso dia a dia, além de desencadear emprego.