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Cinema nacional brilha no exterior, enquanto novelas patinam; entenda

'Minha preocupação é que o Brasil vem perdendo fôlego', diz Mauro Alencar, consultor e doutor em teledramaturgia pela USP

Por Valmir Moratelli Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 9 jan 2025, 11h00

O Emmy Internacional de Melhor Telenovela é concedido pela Academia Internacional de Artes e Ciências da TV de Nova York desde 2008. O que alavancou esse departamento na premiação foi, em particular, a alta qualidade das telenovelas produzidas pela TV Globo. Antes disso, o gênero “Telenovela” era classificado dentro da categoria de “Série Dramática”, caso de Sinhá Moça, de 2006, a primeira novela brasileira a concorrer ao Emmy. Quem recorda estes dados à coluna GENTE é Mauro Alencar, consultor e doutor em teledramaturgia pela USP e autor do livro A Hollywood Brasileira – Panorama da Telenovela no Brasil, entre outros títulos.

Curiosamente, no momento que o cinema nacional vive uma boa fase no exterior, com a mega exposição de Ainda Estou Aqui em diversos festivais, angariando prêmios – como o recente Globo de Ouro dado à Fernanda Torres, e tendo chances reais de disputar o Oscar – por outro lado, as produções televisas vão de mal a pior nas premiações do gênero. O país, antes conhecido por suas telenovelas exportadas aos quatro cantos do planeta, assiste agora a sua recente pequenez diante de produções da Turquia, Coreia do Sul e China.

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Mauro Alencar relata que foi convidado a integrar a Academia do Emmy em 2009. Além de votar na melhor Telenovela, também passou a conhecer melhor os atores e atrizes estrangeiros. Muito do impulso da participação no Brasil veio com a produção de Caminho das Índias (a primeira produção brasileira a vencer na categoria), em 2009. “Passei a votar no ano seguinte, 2010. Laços de Sangue, portuguesa, venceu. Depois, em 2012, foi a vez do remake de O Astro”.

A última vez que o Brasil conquistou o Emmy foi com Órfãos da Terra, em 2020. Depois disso, o país passou a assistir da plateia outros países dominarem o que era sua área de supremacia na indústria audiovisual. “Posso dizer que conheço bem o processo de votação. E trata-se, claro, de um processo artístico e geopolítico. É da natureza dessas academias a despeito do valor artístico. O fato do Brasil estar fora há mais de ano é preocupante em termos de indústria do entretenimento e produção cultural. Digo isso não apenas em função da Globo, mas de todas as emissoras produtoras.  Minha preocupação é que o Brasil vem perdendo fôlego”, diz Mauro.

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Em 2021, pela primeira vez, a China conquistou o Emmy, com The Song of Glory. Uma produção histórica ancorada no drama romântico. Marco no gênero televisivo, convenhamos. “O Brasil que sempre foi um exemplo de novas estéticas, aberturas e produções bem elaboradas vem perdendo terreno para Turquia e Coreia do Sul, atualmente as grandes coqueluches mundiais quando se fala de telenovela. O fato é que o mundo aprendeu a fazer novela, como previa meu saudoso amigo e diretor da área internacional, Jorge Adib. Hoje, cada qual, sabe dialogar com belas produções com o seu público. E, mais do que isso, a conquistar as emoções de variados povos”, continua o pesquisador.

Outro país a entrar em campo com afinco é a Espanha, um dos principais produtores de teleficção, com séries de alta qualidade em texto, direção e interpretação. Além disso, a Colômbia mostra a força latina nos melodramas desde os tempos de seu produto mais bem acabado da globalização, Yo Soy Betty, la Fea. Esse quadro deflagra, segundo Mauro, o quanto o produto telenovela “made in Brazil” precisa ser repensado à luz da nova era industrial, de novas estruturas geopolíticas e psicossociais.

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“É o que tenho visto em viagens pelo mundo, ao conversar com produtores internacionais, de streaming e TV aberta. É o que tenho escutado pelas ruas, na Central do Brasil, em áreas comercias como o Saara, no Rio, e no Centro comercial de São Paulo, além de eventos sociais. Independentemente do streaming, e até mesmo para essa plataforma, a telenovela brasileira precisa realinhar-se com os anseios da fragmentada época em que vivemos”, continua Mauro.

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Do mesmo modo que a Coreia do Sul conquistou o Oscar com o filme Parasita, em 2023, o Brasil encanta-se novamente com o seu cinema ao ver a chance de repetir o feito de Central do Brasil, de 1998, em nova produção de Walter Salles chegando ao Oscar. O fato é que o cinema nunca teve uma continuidade de exposição internacional por aqui. Houve sopros com o Cinema Novo, sumiu nos anos 1990 e a era Collor, reacendeu a esperança com a retomada coroada por Central, e agora parece gritar ao mundo o que o título da vez anuncia: “ei, pessoal, Ainda estou aqui!”.

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Já as novelas, essas sempre estiveram vigorosas na televisão aberta, puxadas pela excelência artística e qualidade técnica da TV Globo, só ameaçada quando a TV Manchete produziu pérolas como Pantanal. Os tempos são outros. O mundo entendeu a importância da ficção televisa. Não há mais inocentes. Enquanto os demais países descobrem Fernanda Torres em sua intensa interpretação de Eunice Paiva, o Brasil descobre que já não é a “melhor seleção” a entrar em campo quando o assunto é telenovela. “Que esta nova era do cinema nacional em consonância com o reposicionamento do prestigiado Globo de Ouro encontre eco na produção de nossas novelas. Pois o ‘ainda’ principal produto popular audiovisual brasileiro merece reconquistar seu lugar no panteão das produções internacionais”, aposta Mauro, de olho em dias melhores para a TV aberta.

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