Atriz e apresentadora do novo Sem Censura, Cissa Guimarães está de volta aos palcos com Doidas e Santas, comemorando dez anos do projeto em turnê pelo Brasil. Comédia romântica inspirada no livro de Martha Medeiros, com direção de Ernesto Piccolo, conta a história de Beatriz, uma psicanalista casada com o machista Orlando (Giuseppe Oristanio), que não tolera a ideia da separação. Convidada da semana no programa da coluna GENTE no Youtube, Cissa conversa sobre etarismo na TV, criminalização do aborto, justiça pelo seu filho Rafael Mascarenhas, morto num atropelamento no Rio em 2010 e de como lidou com a recente perda do ex-marido e amigo Paulo César Pereio.
PASSAGEM DO TEMPO. “A gente está aqui para aprender até o último respiro, até o último momento aqui. Ter uma certa calmaria é legal. Eu sou uma pessoa muito agitada, adoro conversar, ver gente… Me sinto engatinhando na velhice. Sou uma jovem senhora cheia de vontades, mas não tão exacerbadas, aleatórias. Namoro bastante… No decorrer da existência, temos dificuldade de falar ‘não’. Com certa idade, identificamos o que é cilada das boas”.
VIDA ‘SEM CENSURA’. “Dá para ter ideia de como eu estou à vontade, né? Estudo bastante os conteúdos que vou entrevistar, é uma obrigação minha. Procuro estudar bastante sobre cada um que vem até mim contar sua história. É um privilégio estar à frente de um programa tão icônico, quase 40 anos no ar. A estrela é o programa, apesar de todas as outras maravilhosas apresentadoras que por ali passaram. Me sinto em casa. Sobre um nome que quero levar? Um não, dois. Estou louca para receber Bethania e Caetano”.
JUSTIÇA POR RAFAEL MASCARENHAS. “Meu sonho é que a legislação mudasse, cheguei no governo Dilma, conversei com ela, mas é difícil por inúmeras razões. Quem atropela… acidentes que levam a óbito, nem sempre a pessoa saiu de casa com essa intenção. Sou muito abençoada por ser a mãe do Rafael. Ele me ensinou muitas coisas, inclusive depois da passagem dele aqui na Terra, ele continua me ensinando de lá. Não sinto raiva, tenho pena. Porque sei que a vida dessa pessoa, aqui na Terra, dessa que atropelou meu filho, acabou. E meu filho é luz”.
ABORTO. “A mulher é discriminada, sofre preconceito e ainda tem que pagar por um crime que cometem contra a gente? Rezo muito para que isso não passe. Uma criança não pode ser mãe, criança é criança. Temos que pensar em mulheres que ainda são crianças. O estupro que acontece com meninas menores de 15 anos… elas precisam seguir suas vidas, não ter gravidez imposta por estupro. Sou radicalmente contra. Não pode o Estado governar junto com teorias católicas, evangélicas. O Estado tem que ser laico, que proteja o cidadão”.