Como festival de motocicletas movimenta milhões em Brasília
Festival Capital Moto Week vai acontecer de 24 de julho até 2 de agosto

Brasília vai receber mais uma vez o Festival Capital Moto Week, que reúne os maiores motoclubes do Brasil bem no centro do país nos dias 24 de julho a 2 de agosto. Ao todo serão 20 milhões de reais investidos com um público de 800 mil pessoas. Segundo o CEO do evento, Pedro Franco, o grande evento ajuda a movimentar a capital brasileira, mais conhecida pela sua vida política do que cultural – serão cerca de 60 milhões de reais impactando positivamente a economia local. Em entrevista à coluna GENTE, Pedro afirmou que festival é o reflexo de um lifestyle: os apaixonados de moto se reúnem, às vezes com a família, para acampar dentro do local durante oito dias de evento.
Quando surgiu o Capital Moto Week? O Moto Week nasce de uma paixão pelo motociclismo, paixão pela estrada. Era um apaixonado chamado Sérgio Cruz, que entendeu e teve uma sacada genial lá em 2004, que Brasília está no centro geográfico do país, nós temos um público que é turista por natureza, ele viaja de Norte a Sul, Leste a Oeste do país o tempo inteiro. A partir de 2010 a gente começou a entender que esse é um festival de lifestyle, estilo de vida, né, e também uma plataforma que conecta marcas e pessoas por meio de experiências. Hoje são 320 mil metros quadrados, seis shows, um palco principal e quatro temáticos.
Que tipo de público vocês costumam atingir? Além do público que é de motoclube, tem um público que anda de moto, e que vive esse estilo de vida, mas que não é necessariamente de um motoclube. Mas eu tenho gente que provavelmente nunca vai ter uma moto na vida, mas gosta de rock, admira o lifestyle, se encontra nessa tribo, então criamos justamente esse ambiente para toda essa galera.
Mesmo fora dos festivais, é comum ver os motoqueiros sempre se reunindo. Há um laço mais forte entre os motociclistas? O clube na verdade é uma família, se autodenominam uma irmandade. O motociclismo se vê muito como uma irmandade. Você tem isso traduzido dentro dos motoclubes, famílias inteiras fazem parte, às vezes, do mesmo motoclub e vivem aqui no convívio. Eles se ajudam, confraternizam..há uma relação muito próxima entre quem pilota a moto.
Há espaço para novas conexões? Sem dúvida. No festival a gente cria um ambiente onde todos têm o seu conteúdo e a sua interação garantida e para além disso, vira realmente um momento dessas famílias, para além do motoclube, para as pessoas que frequentam mesmo. Então, vira uma farra. As pessoas hoje alugam as suas barracas com colchão, lampinha LED, roupa de cama. Imagina você acampar dentro de um festival com a sua família completa. A criança que está lá não está entediada porque tem espaço e atrações para ela, parque de infláveis, roda gigante, brinquedos radicais…
Como o festival movimenta Brasília, cidade considerada apenas “política”? Cerca de 720 mil turistas vêm a cada edição para dentro do festival. Então, a moto acaba sendo o motivo de uma primeira visita dessas pessoas a Brasília. Nós temos 35 operações de gastronomia, as principais operações gastronômicas são regionais, que são relevantes aqui na cidade. A gente tenta, em busca, ser um portal para esse público turista conhecer a cidade. Mas eu vou te falar que muito mais do que administrativa, Brasília é uma cidade criativa.
Qual foi a movimentação financeira? Esses 720 mil turistas movimentam cerca de 60 milhões de reais na economia da cidade, fora o que ele movimenta no festival. Então a cidade passa a perceber também a importância dessas iniciativas, desse projeto, do turismo criativo, turismo de entretenimento e a gente tem sido protagonista nesse aspecto aqui em Brasília também e a missão é justamente mudar um pouco essa percepção de que a cidade não é só política.
A cultura do motociclismo é normalmente ligada ao rock. Tem espaço para outras experiências no festival? Uma curiosidade que eu aprendi, é que em um público de 800 mil pessoas tem um gosto muito eclético. Quando a gente está andando você vai ver que vai ter um espaço tocando funk, vai ter um outro espaço tocando samba, um outro espaço tocando sertanejo… O que a gente percebe, muitas vezes, é que o rock, de maneira geral, ele é o ponto comum. Então eu tenho um motociclista que gosta de funk, mas ele gosta de rock também… Eu tenho um que gosta de rock clássico, que é o mais puritano, só gosta de rock clássico. Então o rock se tornou a trilha sonora do motociclista
Qual a previsão de lucro este ano? O festival tem um investimento médio de 20 milhões de reais pra ele acontecer. A gente está prevendo um crescimento de 20% em relação às edições anteriores. A gente tem isso muito amparado nos patrocínios privados. As marcas têm se apresentado mais, dado mais atenção ao resultado que as experiências ao vivo conseguem proporcionar nas vendas, então, a gente tem conseguido alçar voos maiores com patrocinadores.