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Como o etarismo se tornou causa de luta para diferentes atrizes

Flávia Alessandra, Irene Ravache, Mery Streep e outras artistas já se posicionaram contra o preconceito com a idade

Por Nara Boechat 16 nov 2024, 19h00

Há alguns meses, Betty Faria, 83 anos, minimizou a questão do etarismo na televisão, em conversa com a coluna GENTE. “Eu acho que é o mimimi, acho que as pessoas mais velhas têm sempre papel”, disparou. Porém, nem todas pensam como a atriz, que está no ar atualmente em Volta por Cima, novela das 7 da TV Globo.

Uma das artistas que tem levantado a bandeira contra o etarismo é Flávia Alessandra, 50. Recentemente, ela publicou um vídeo nas suas redes “de cara limpa”, sem maquiagem ou filtros, e criticou que a beleza real não gera engajamento. “Cada ruguinha conta uma história. A beleza real está sempre escondida atrás de um monte de química, de filtro do Insta, de medo, de pressão nas redes. Beleza real não dá like, ela viola as diretrizes do padrãozinho. Olha aqui essas olheiras, medalhas das minhas noites não dormidas. Ah, menopausa”, expressou a nova musa do Salgueiro, ressaltando a pressão estética no envelhecimento. “Será que a gente não está querendo dizer ‘como eu estou acabada?’ Porque, se o tempo acabou com aquela atriz, de repente, ele acabou com a gente também”.

Com 80 anos de idade e 65 de carreira na televisão e no teatro, Irene Ravache já falou sobre o tema, em entrevista à coluna, em setembro. Para Irene, o mercado que não contempla o idoso hoje em dia “está marcando touca”. “Primeiro, porque as pessoas estão vivendo mais. Segundo, idoso tem poder aquisitivo muito maior do que o jovem”, pontuou a artista, que joga a polêmica no colo dos autores. “Se eles não estão escrevendo para pessoas mais velhas, isso deveria ser perguntado a eles”.

Outra que já se posicionou mais de uma vez sobre a “velhofobia” foi Andrea Beltrão, 61. A atriz, que tem o hábito de se exercitar nas praias do Rio, já se mostrou incomodada pela perseguição dos paparazzi. “Alguns fotógrafos são até gente fina, procuram o meu melhor ângulo ou esperam que eu coloque um short, mas quase sempre preciso negociar um clique para ter paz”, comentou, certa vez. Em outra ocasião, quando recebeu comentários do tipo: “Nossa, Andrea, você tem 58 anos? Mas você está ótima”, ela criticou o que chamou de insultos disfarçados de elogios. “Elogio que começa com ‘mas’ não é elogio”, rebateu.

O debate sobre o etarismo entre mulheres não é novo. Em 2014, Meryl Streep, 75, desabafou sobre a escalação de acordo com a idade, em entrevista à People. “Quando eu tinha 40 anos, me ofereceram três [papéis de] bruxas. Não me ofereceram nenhuma mulher aventureira, nem interesses amorosos, nem heróis ou demônios. Ofereceram-me bruxas porque eu era ‘velha’ aos 40”, disparou.

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Até Gloria Pires, 61, levou o debate para seu novo filme, Sexa, que acaba de dirigir no Rio – sobre uma mulher mais velha que se apaixona por um homem bem mais jovem. “Brigar contra o preconceito em torno da idade é uma de minhas batalhas. Trato do etarismo com humor e emoção”, diz. 

O assunto também já vem sendo bastante abordado na TV aberta. Na novela Vai na Fé, por exemplo, exibida em 2023 na TV Globo, Renata Sorrah, 77, falou sobre o etarismo na pele da personagem Wilma: “Mulheres, em qualquer profissão, são marginalizadas quando envelhecem. Secretárias, professoras, empregadas domésticas… Sofremos, sim, uma discriminação etária maior”. Há vários outros exemplos no ar. O que mostra que o tema segue quente, forte e atual. Necessário num país que envelhece a passos largos e ainda carece de compreensão sobre a importância dos idosos. 

 

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