Reitor da Unicamp, uma das universidades mais prestigiadas do Brasil, Marcelo Knobel venceu uma ação de indenização por dano moral contra o empresário Lucano Hang, dono da Havan. No dia 24 de julho de 2019, Hang postou em seu perfil no Twitter a seguinte frase: “Unicamp final ano passado amigo meu acaba de contar foi formatura sobrinho no final o Reitor grita: ‘Viva la Revolução’ e depois dizem que nossas universidades não estão contaminadas? Vá pra Venezuela Reitor FDP”. A mensagem recebeu alto engajamento: 683 retuítes e 5.300 curtidas. O reitor, então, entrou com uma ação por se tratar se uma fake news. Há dez dias, o juiz Mauro Iuji Fukumoto deu ganho de causa ao reitor e estipulou uma indenização de 20 900 reais. Cabe recurso. Na entrevista a seguir, Knobel comentou o caso a VEJA:
Marcelo Knobel, reitor da Unicamp e formado em Física: alvo de fake news propagada pelo Twitter
Por que o senhor decidiu entrar com a ação contra o dono da Havan? Em um momento em que somos inundados com fake news, nós enquanto sociedade não podemos ser coniventes. As notícias falsas e seus propagadores não podem ficar impunes e a Justiça precisa ser feita. Não é pelo valor da indenização, mas pelo o que ela representa. No meu caso, ele divulgou uma mentira sem pé nem cabeça. Entrei com a ação assim que ele postou o tuíte.
O tuíte fala que o senhor teria gritado “Viva la Revolution” em uma formatura… É uma mentira ao vento: não fala em que formatura foi, quando ela ocorreu… Foi um ataque mentiroso e fora de contexto. No processo, a defesa argumentou que o termo “fdp”, usado no tuíte, não é um palavrão.
Mudando de assunto, o senhor estreia nesta segunda, 25, um canal no YouTube. Por quê? Estou montando um canal de entrevistas, de conversas. Acho importante estabelecer diálogos de assuntos variados e que mostrem a importância da ciência. Já gravei com o Leandro Karnal e Daniel Castanho, por exemplo. Paradoxalmente, esse momento tem sido importante para as universidades que vinham sendo bastante atacadas. Hoje, a sociedade percebe a importância desses centros para o desenvolvimento do país. Fizemos uma campanha para arrecadar fundos para EPIs, com adesão por parte do público. Antes da pandemia, uma máscara era comprada por 10 centavos. Hoje, cada uma sai por 2,60 reais. Usamos 6.000 máscaras por dia.