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Empresário conta bastidores e lições do Rock in Rio em livro

Luis Justo, CEO da Rock World, que lança obra sobre liderança corporativa, fala à coluna GENTE sobre desafios de se organizar festivais

Por Nara Boechat 29 out 2024, 11h11
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  • O que faz um CEO? Foi a partir de uma pergunta ingênua feita pelo seu filho de 12 anos, que Luis Justo, 46, decidiu escrever C.E.O – Conectar, Equilibrar e Orientar (Ed. Gente), livro que será lançado nesta terça-feira, 29, no Rio. Com quase 20 anos na função, primeiro no mercado da moda e depois no entretenimento, Justo ocupa há 13 o cargo de CEO da Rock World, empresa responsável pela produção do Rock in Rio, The Town e, agora, Lollapalooza. Em conversa com a coluna GENTE, o empresário analisa os desafios de liderar festivais emblemáticos e revela bastidores de famosos, como um pedido diferente feito por Ed Sheeran, no Rock in Rio Lisboa deste ano.

    Por que fazer um livro sobre seu cargo? Resolvi fazer um livro para contar minha experiência como executivo de negócios na área da indústria criativa. Um dia, meu filho de 12 anos me perguntou o que fazia um CEO e fiquei uns três minutos para explicar as atribuições, e meia hora falando sobre as habilidades. Sempre achei que chegaria o momento de escrever um livro. Talvez seja agora porque estou chegando nos meus 50 anos, quando se começa a voltar no tempo e avaliar tudo o que conseguiu ganhar e construir. 

    Afinal, o que faz um CEO? As pessoas romantizam muito o CEO, como um super-heroi. Na verdade, CEO é função tão importante quanto qualquer outra dentro da empresa. É igual futebol: não existe artilheiro se não tiver goleiro, não existe melhor time do mundo sem zagueiro. As pessoas ainda tendem a olhar o CEO no topo da pirâmide. Ninguém é melhor ou pior porque se acha habilitado para estar à frente do seu próprio negócio e ser empreendedor.

    O senhor fala muito da liderança nos negócios, mas como é em casa? Sou, tanto no trabalho quanto em casa, fruto da liderança compartilhada. Às vezes, posso ser melhor em uma visão, minha esposa em outra, meu filho em outra. 

    Como chegou ao cargo? Sou engenheiro de formação, trabalhei no mercado financeiro e depois em consultoria. Mas como executivo, comecei aos 28 anos na Osklen, quando ainda era em uma garagem em São Cristóvão (zona norte do Rio), nos anos 2000. Tenho gratidão imensa pelo Oskar [Metsavaht, dono da Osklen] ter me visto como quem entendia de gestão e de processo como engenheiro, mas com capacidade de equilíbrio.

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    E como parou no mercado de festivais? Embora seja engenheiro, sempre flertei com o lado criativo. Em 2011, quando o Rock in Rio voltava ao Brasil depois de 10 anos, Roberto Medina buscou um CEO para estruturar o processo da empresa. Viram que minha experiência de gestão na indústria criativa poderia ser aplicada ali também. 

    O senhor frequentava festivais? Sempre. Até brinco que um dia vou pedir demissão do Rock in Rio para voltar a ir ao Rock in Rio (risos). Eu adorava, mas hoje em dia só trabalho. Sempre fui apaixonado por música, festivais e shows, muito por conjugar essas duas histórias, desde o lado criativo da música, até a forma de uma banda do ponto de vista de negócio. Só consigo liderar coisas pelas quais sou apaixonado e onde vejo propósito. 

    É difícil liderar o Rock in Rio? Sem dúvidas, é um projeto grandioso e, por isso, desafiador. São 28 mil pessoas trabalhando durante o evento, além da gestão de uma cidade, não é à toa que se chama de Cidade do Rock. Mas, por outro lado, a gente conseguiu construir uma cultura forte de propósito, de atrair as pessoas que acreditam nas mesmas coisas.

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    Qual é o maior desafio que enfrentou à frente do festival? A logística inteira do festival, com 100 mil pessoas, é, de fato, desafiadora. Rock in Rio não é só uma atividade complexa de colocar bandas no palco. A gente precisa pensar nos detalhes de como a pessoa vai se alimentar e pegar transporte público da forma mais cômoda possível. 

    Ainda dá friozinho na barriga? O frio na barriga é eterno, a gente vive com a barriga congelada dois anos antes do festival. 

    E como é lidar com artistas e suas exigências? Todo mundo sempre tem curiosidade de imaginar a história do artista nas exigências absolutamente complexas, como as toalhas brancas. Mas em 13 anos aqui, comecei a olhar de um jeito diferente. São artistas que, às vezes, estão dois, três anos viajando direto, sem pisar em casa, pulando de hotel em hotel, de camarim para camarim. Então, quando ele chega e pede uma parede roxa no camarim, você pode pensar que o cara é eclético, mas tem que lembrar que ele está vivendo há três anos em camarins e precisa ter um senso de casa. Em Lisboa, por exemplo, Ed Sheeran pediu para deixar a televisão ligada porque estava tendo jogo da Eurocopa, pediu mais cerveja e falou que levaria amigos para assistir. 

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    Tem algum bastidor curioso? Sempre tem surpresa. Você pega o Post Malone, olha aquela figura com a cara toda tatuada, mas quando vai conversar, vê que é a pessoa mais educada do universo. Tem também aquela, que não vou dizer quem é, que parece a mais fofa do universo, e na verdade é egocêntrica. Mas são todos seres humanos, cada um com sua máscara. Acho que a surpresa é que descobri que o Post Malone é fofo (risos).

    O que esperar do The Town? A gente ficou feliz com o resultado da primeira edição, ingressos esgotados. Hoje, estudamos a construção de uma line-up incrível, que obviamente não posso adiantar. Estamos na fase da construção do DNA do festival. Sempre pensando em aprimorar a experiência do público.

    Qual é o segredo de uma boa liderança? É o equilíbrio entre o lado esquerdo do cérebro, lugar do racional, pragmático; e o lado direito, da conexão, do propósito e do olhar para as pessoas.

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