Senador Fabiano Contarato: passeio na praia com o filho negro acaba em B.O
Político e militante LGBTQIA+, ele foi chamado de “lixo”, “traidor”, e “sem vergonha” nas redes; "Gabriel foi menosprezado apenas por ser meu filho", diz
Ex-delegado da Polícia Civil e primeiro senador abertamente gay do país, Fabiano Contarato foi mais uma vez vítima de ódio nas redes – e, de novo, reagiu com rigor, como já havia feito, durante a CPI da Covid, quando rebateu em cadeia nacional os comentários homofóbicos do empresário bolsonarista Otávio Fakhoury. No mais recente episódio de racismo e homofobia que vivenciou, Gabriel, seu filho mais velho, também foi atacado, o que o levou a registrar um boletim de ocorrência na Polícia Federal. Leia seu relato:
“Após cumprir missão oficial na COP26 e passar dias longe de minha família, recebi, na manhã desta segunda (15), um pedido irrecusável do meu filho Gabriel, de sete anos: ‘Papai, me leva na praia pra fazer castelinho de areia!’.
Já fui vítima de inúmeros radicais bolsonaristas, que se sentem autorizados a assediar aqueles que rejeitam suas teses políticas anti-civilizatórias. Ainda que ninguém tenha direito de constranger alguém por divergências políticas, sempre entendi se tratar de um preço a ser pago por ter optado pela vida pública.
Receando alguma intercorrência dessa natureza, assenti ao pedido de meu filho, advertindo-o de que teríamos que deixar a praia, caso alguém nos importunassse durante o passeio. Fomos, então, à Praia de Itapuã, e fiquei feliz por proporcionar esse momento de lazer ao meu filho.
Tudo parecia correr bem: retornamos, após esse breve passeio recreativo, sem qualquer inconveniente. Algumas horas depois, recebi um print, primeiro no Whatsapp e, após, em minha conta no Instagram, dando conta de uma postagem preconceituosa que me agredia e destilava inadmissível ódio contra meu pequeno Gabriel.
A postagem do Sr. Giovani Loureiro me chamava de “lixo”, “traidor”, “infeliz”, “sem vergonha” e “senador de merda”. Nada foi tão doloroso, porém, quanto ver seu ultraje gratuito contra o Gabriel, uma criança inocente de sete anos, que teve sua imagem exposta nas redes e foi menosprezado apenas por ser meu filho e, sobretudo, por ser fruto de uma adoção. O ódio é uma doença perversa: desumaniza suas vítimas e as submete a toda sorte de violência.
Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), em seu art. 18, diz ser ‘dever de todos velar pela dignidade da criança e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor’.
Não tolerarei qualquer ato de agressão aos meus filhos e à minha família. Não me intimidarão com esses ataques desprezíveis. Registrei um boletim de ocorrência na Polícia Federal, hoje, e providenciarei a responsabilização do autor desta agressão.
Espero que, caso o Sr. Giovani Loureiro seja pai, possa refletir sobre esse ato infame e não repita essa vileza contra crianças inocentes, que não podem ser detratadas por querelas de ordem política. Os interesses de menores indefesos devem ser colocados acima de tudo isso.
Em minha casa, o amor sempre vencerá o ódio!”