Filha de assassino de Euclides da Cunha sela a paz após 114 anos
Ao término do espetáculo ‘Matar ou Morrer’, em cartaz no Rio, Dirce de Assis Cavalcanti foi homenageada
Aos 91 anos, Dirce de Assis Cavalcanti, filha de Dilermando de Assis (1888-1951), foi à estreia do espetáculo Matar ou Morrer, nesta quinta-feira, 3, no Centro Cultural Justiça Federal, no centro do Rio. A peça, de Miriam Halfim e direção de Ary Coslov, ressuscita em cena os arqui-inimigos Euclides da Cunha (interpretado por Sávio Moll) e o pai de Dirce (vivido por Marcelo Aquino), para um acerto de contas fictício no limbo, a fim de que encontrem a paz.
Ao término da sessão, Sávio exaltou a presença de Dirce na plateia e lhe deu um buquê de flores. “Vou pedir uma licença poética ao teatro e a todos, e vou entregar a Dirce, não como ator, mas como Euclides, essas flores, para que a gente possa, enfim, selar a paz.” A cena foi assistida por Renata Sorrah, que ficou impactada com o que viu. “Se fez justiça no palco, uma das coisas mais lindas que eu vi. O teatro realmente cumpriu o seu papel”, disse a atriz.
Autor do clássico Os Sertões, Euclides foi morto por Dilermando, em legítima defesa, em 1909, no episódio que ficou conhecido como Tragédia da Piedade. No próximo dia 15, se completam 114 anos do seu assassinato. Como se sabe, Dilermando tinha um caso com Ana, mulher do escritor e imortal da ABL, o que foi suficiente para ser o estopim de toda a confusão. Por décadas, Dilermando foi demonizado. Dirce busca há tempos limpar a imagem do pai.
Serviço: “Matar ou Morrer — Dilermando de Assis e Euclides da Cunha” / Até 27 de agosto, no Centro Cultural Justiça Federal (Av. Rio Branco 241, Centro, RJ). Quinta e sexta, às 19 h. Sábado e domingo, às 18h. Ingresso: R$50,00 (inteira) e R$ 25,00 (meia). 12 anos. 70 min.