Heloisa Teixeira: ‘Quem fala em revolução não sabe o que era 1964’
Autora lançou novo livro nesta terça-feira, 19
No ano que marca os 60 anos do golpe militar, Heloisa Teixeira, 84, lançou, nesta terça-feira, 19, o livro Rebeldes e Marginais: Cultura nos Anos de Chumbo (1960-1970). A “obra viva”, como está sendo apresentada, conta com ensaios, fotografias e QR codes para interação, que levam a vídeos, entrevistas e imagens do acervo da autora sobre o período. A escritora e professora, assina pela primeira vez neste trabalho com o outro sobrenome, já que antes usava Buarque de Hollanda — de seu primeiro marido —. “Não me considero nem rebelde, nem marginal, agora me considero uma avó muito feliz. Então nenhum nem outro mais, mas continuo querendo mudar o mundo”, disse em entrevista a coluna. Helô agora faz parte do círculo privilegiado de membros da Academia Brasileira de Letras (ABL), sendo a décima mulher a se tornar imortal, e segue de lá o sonho de transformar a realidade. “Dia 16 eu inauguro a Universidade das Quebradas [um programa de extensão na Universidade Federal do Rio de Janeiro], lá. Vou formar escritores a partir de uma discussão sobre Machado de Assis negro”. Mesmo com uma postura positiva sobre o futuro, a estudiosa não deixa de criticar o que vivemos no presente. “Quem fala em revolução, não sabe o que era 64. As pessoas morriam, eram torturadas, sumiram, era uma barra bem pesada. Mas hoje é uma tristeza também, porque essa direita está subindo muito no mundo inteiro. Então você tem um perigo eminente de um retrocesso cultural mesmo”.