Uma quarentena diferente, muito além das aulas à distância – agora chamadas de ‘homeschooling’. O físico Rui Zanchetta, fundador do hub de inovação Casa de Makers e professor do colégio Avenues, logo na primeira semana de quarentena pegou suas três impressoras de 3D e levou para o seu apartamento, em São Paulo. Ele queria de alguma forma ajudar na questão da pandemia, fazer algo útil para os profissionais na linha de frente do enfrentamento. Em paralelo, a mãe de um aluno da Avenues ligou para a diretoria perguntando como a entidade atuaria para minimizar o caos. O projeto passou a ser maior. Zanchetta foi até a escola para pegar outras máquinas 3D e, então, transformar o desativado salão de festas do condomínio onde mora em uma linha de produção.
Foi criado, então, o movimento Makers Contra a Covid. Um grupo de WhatsApp entre alunos, professores e pais cujos participantes se dividiram em três setores: produção de máscaras 3D, confecção de máscaras de tecido e arrecadação de dinheiro. “O material fabricado tem sido levado aos médicos e enfermeiros do Hospital das Clínicas, em São Paulo, que fazem uma avaliação para analisar conforto e eficácia do item”, diz Zanchetta. A captação e organização do feedback dos profissionais, de responsabilidade de Kadu Braga, é fundamental para fazer ajustes e melhorias nos materiais. Há também a produção de viseiras para proteger os olhos. Ao todo, 2.000 máscaras foram doadas aos profissionais de saúde. Os alunos querem atingir a meta de 150.000 itens.
O ato de voluntariado vai fazer parte da grade curricular, em que constam disciplinas como pesquisa em campo, desenvolvimento de produto e empatia. “Os alunos têm confeccionado máscaras e entrevistado médicos para saber a qualidade do produto. Estudar não é apenas ficar dentro de uma sala de aula, mas pensar e executar algo de efeito prático para toda a sociedade”, diz o professor, cheio de orgulho.