Dez anos depois, de volta ao teatro na pele de Elis Regina em Elis, a musical, Laila Garin, 45 anos, encena a vida da saudosa cantora até a sua morte, em 1982. Após temporada de casa lotada em São Paulo, o musical chega ao Rio nesta sexta-feira, 10. A atriz também está na série Fim, do Globoplay, inspirada no livro homônimo de Fernanda Torres, na qual interpreta Norma, uma mulher dos anos 1960, época que paradigmas estavam sendo quebrados, mas o mundo ainda permanecia bastante machista. Além disso, encerrou as gravações de Maria Bonita, série de Sérgio Machado para o Star +, com previsão de estreia para 2024. A seguir, a conversa da coluna com a atriz.
MUDANÇAS DEZ ANOS DEPOIS. “É uma versão mais reduzida. O espetáculo tinha três horas, mais de três horas de duração, agora tem pouco mais de duas horas. Mas continuam as mesmas músicas, só a parte da dramaturgia diminuiu, e a gente tem atores novos. Elis marcou a minha carreira, me fez ter uma projeção nacional mesmo sendo teatro, que é uma coisa difícil de conseguir. Hoje já tenho esse reconhecimento, estou mais relaxada, mais velha. Tecnicamente me sinto mais preparada, porque é um espetáculo de atleta da voz. Hoje sinto muito mais prazer”.
NETOS DE ELIS NA PRATEIA. “Tem muita gente que já era fã do musical há dez anos e que está revendo agora, como tem muitos jovens vindo. A gente teve, por exemplo, os netos de Elis Regina, que foram assistir. Eles têm menos de 20 anos, foram dois, e estavam emocionados. Essa fase adolescente é muito intensa, é um ótimo momento para se encontrar Elis. Foi quando a descobri, na minha adolescência”.
DESQUITADA E EVOLUÍDA. “Sempre faço mulheres muito fortes. Mas tenho lidado com a delicadeza, e minha personagem no Fim é engraçada. Ela vem do interior de São Paulo, acaba casando, tendo filhos, mas faz coisas sem intenção de ser evoluída e feminista. Ela é desquitada e tem uma independência, trabalha, coisas que para época era difícil. Para mim é bom revisitar essa geração, e uma das coisas mais legais é ver o quanto a minha mãe foi evoluída para a época dela”.
PRODUÇÕES FOCADAS NO NORDESTE. “Estamos nesse momento sim. E é muito importante… Eu como nordestina sinto a diferença na abordagem. A gente está tentando abrir os olhos para diversidade, para os preconceitos. Sofri preconceito quando cheguei em São Paulo. Tive que aprender a neutralizar meu sotaque por questão de necessidade. E quanto mais reconhecimento fui tendo ao longo da carreira, mais baiano foi ficando novamente meu sotaque”.