Licínio Januário fala sobre bastidores de ‘Vale Tudo’: ‘pressão externa’
Ator angolano, que interpreta Luciano na novela das 9 da TV Globo, conversa com a coluna GENTE
Licínio Januário, 34 anos, vive um momento intenso na carreira. No ar em Vermelho Sangue, série recém-lançada no Globoplay, o angolano, que vive no Brasil há 16 anos, também se prepara para a estreia nacional no premiado longa O Agente Secreto e encerra, nesta sexta-feira, 17, sua participação em Vale Tudo, novela em que interpreta Luciano. A rotina, intensa como nunca, tem sido marcada por desafios, aprendizados e pela missão de manter o foco em meio a polêmicas que cercam o remake. Em conversa com a coluna GENTE, Licínio abre os bastidores da novela escrita por Manuela Dias, relembra o clima por trás das câmeras, revela detalhes da construção de seu personagem e arrisca seu palpite sobre quem matou Odete Roitman (Debora Bloch).
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O que pensa sobre a repercussão da novela? São muitas emoções. Tem gente que está amando e tem haters também. Nós, do elenco, tivemos que segurar a ansiedade em relação a essa pressão externa e, ao mesmo tempo, conseguir brincar dentro dos personagens. A expectativa era trazer aquele remake para os dias de hoje, com questões mais abordadas do que já existiam 30 anos atrás. Foi um desafio e um prazer trazer esse universo antigo para o presente.
Como era o clima nos bastidores, considerando a diferença de opiniões do público sobre as mudanças na novela em relação à versão original? A gente se divertiu o tempo inteiro. São 30 anos depois, somos outros atores com outras vivências. Emprestamos nossa história aos personagens. O remake não é uma repetição; é um novo olhar, com mais camadas, cores e tecnologias diferentes. Isso deu mais profundidade à trama.
A cena da Consuelo (Belize Pombal) chegando à nova sala após ser promovida comoveu o público. Te surpreendeu? Essa cena me tocou muito quando li, porque já vivi o mundo corporativo. Desde 2020, vemos a inserção de pessoas negras nesse ambiente, mas muitas vezes é simbólica. A televisão e o cinema têm poder de mostrar caminhos possíveis. Ver Consuelo chamar o Luciano me emocionou. É algo que traz identificação, especialmente para quem migra e busca oportunidades, como minha própria família.
Acha que poderia ter sido melhor aproveitado? Não, aproveitei bem. O elenco é grande, e há as tramas principais. Meu personagem viveu muita coisa: foi chefe de departamento, ganhou e perdeu amigos, casou, foi subornado pela dona da empresa… Ele passou por muitas camadas, e isso foi interessante para mim.
Participou da construção do personagem? Nunca conversei diretamente com a Manu sobre isso. O briefing inicial não dizia que Luciano era angolano, mas a obra aberta possibilitou ele se tornar e isso abriu caminhos. Muitos elementos da minha própria vida foram incorporados ao personagem, enriquecendo-o. Por exemplo, na primeira versão, o personagem traía o amigo [Ivan] por ciúmes da Daniela. Aqui, ele fez por causa de uma necessidade familiar em Angola, o que é real para nós que migramos.
A fala da Taís Araujo sobre as alterações no rumo da Raquel gerou bastante repercussão. Você percebeu mudança nos bastidores? Taís é Taís, não perde espaço para ninguém. Vale Tudo é uma novela com muitas tramas. Cada núcleo funciona de forma independente, e as polêmicas da mídia não impactaram nosso foco. A prioridade sempre foi entregar o melhor para a novela.
Quem matou Odete Roitman? O Luciano (risos). Brincadeira. Mas tem uma teoria de que o Luciano é neto da Nice (Teca Pereira), cuidadora do Leonardo (Guilherme Magon).. Eu, Licínio, estou torcendo para que seja a Celina (Malu Galli) mesmo.
Você está no filme O Agente Secreto, com potencial concorrente ao Oscar. Como lida com essa possibilidade? Acredito no tempo das coisas. Esse filme veio no momento certo, de destaque na novela. Quando estamos alinhados e conseguimos respirar, o tempo se encaixa. É sobre estar pronto para cada projeto no momento certo. Faço um angolano exilado nos anos 1970, no Recife. É meu quarto personagem angolano no Brasil, e cada um é completamente diferente. É fascinante representar essa outra época, essa outra perspectiva. O Kleber pesquisou profundamente, o que trouxe autenticidade. Quando assisti, pensei: faz todo sentido os prêmios.
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