Aos 51 anos, Otaviano Costa anunciou nesta segunda-feira, 22, que foi diagnosticado com aneurisma de aorta e precisou ser internado para uma cirurgia no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. O ator disse que, há mais ou menos 30 dias, estava ótimo de saúde, não tinha nenhum sintoma, mas sentia uma “dorzinha” que o incomodava. Em conversa com a coluna GENTE, o cirurgião cardíaco Edmo Atique Gabriel explica o quadro clínico que acomete pessoas como Otaviano.
O que é o aneurisma de aorta? Uma dilatação da artéria, superior a 50% do calibre normal.
Como é o procedimento ao qual Otaviano foi submetido? No caso dele, foi um aneurisma de aorta muito próximo do coração e, neste caso, a melhor opção é abrir o peito, usar uma máquina auxiliar para diminuir transitoriamente as batidas do coração e substituir o segmento dilatado por um tubo protético.
Quanto tempo dura a recuperação? Em torno de 3 meses e exige repouso, alimentação balanceada e uso de medicamentos para controle da pressão arterial e batimentos cardíacos.
Depois da cirurgia, ele pode levar vida normal ou tem restrições? Pode levar uma vida praticamente normal, devendo estar atento com recorrência dos sintomas e também evitando atividades que sobrecarreguem a pressão arterial.
Existe possibilidade de sequelas? Sim, não são frequentes. Há casos de paraplegia, sequelas de infarto cardíaco ou cerebral e também insuficiência renal.
O fato dele ter mais de 50 anos é um problema? Idade é uma questão relativa, pois esta doença pode afetar pessoas jovens também. No caso do Otaviano, o aneurisma foi causado pela válvula biscúpide, quando o normal seria válvula triscúpide, de três, mas ele nasceu com duas. Além do aneurisma, há outros riscos desta condição. Existe forte associação entre variações na anatomia da valva aórtica e a formação de aneurisma. A valva aórtica normalmente é dividida em três componentes (tricúspide); em alguns casos, pode ter apenas dois (bicúspide) e esta condição realmente predispõe a formação de um aneurisma.
Quais são os sintomas para se ficar atento? Dor torácica de forte intensidade, sem irradiação específica e associada com falta de ar, tonturas, palpitações e sensação de formigamento dos braços.
De que maneira pode ser diagnosticado? Por meio de ecocardiograma transtorácico com Doppler colorido e uma tomografia computadorizada da aorta (angiotomografia).
Quais os riscos de uma pessoa não diagnosticar o problema a tempo? O maior risco é de rompimento deste aneurisma, o que resulta em grande hemorragia e compressão externa do coração.
Existe um grupo de risco? Sim, pessoas hipertensas, diabéticas e obesas e também com fatores genéticos para este tipo de doença.
Então o aneurisma pode ser genético? Pode sim, há alterações na estrutura e composição da artéria aorta que podem favorecer a formação de aneurisma.
Quais são os tratamentos? O tratamento é cirúrgico e pode ser feito por meio da cirurgia aberta, na qual a porção de aorta dilatada é substituída por um tubo protético ou por meio da cirurgia endovascular, na qual o aneurisma é bloqueado por uma prótese inserida pela virilha, sem corte algum. Na cirurgia aberta, o tórax deve ser acessado por meio de uma abertura mediana ou lateral. O segmento de aorta dilatada é substituído por tubo protético. Na cirurgia endovascular, uma prótese é implantada dentro do aneurisma, bloqueando seu fluxo e reduzindo o risco de rotura. A prótese é inserida por meio de cateterismo pela virilha.
E quais os riscos? Os principais são sangramento pós-operatório, infarto do coração, arritmias, paraplegia e insuficiência renal.