O empresário que quer revolucionar a medicina com Inteligência Artificial

O empresário Maurício Honorato, 38 anos, fundou em setembro de 2024 a startup Doutor-IA, plataforma que une a Inteligência Artificial à medicina. Parte da decisão de criar o negócio veio da sua vivência, nascido e criado no Morro de Dendê, na Ilha do Governador, Rio de Janeiro. Maurício percebeu ainda jovem a precariedade do sistema de saúde brasileiro. “Meu pai faleceu com 48 anos de infarto. A gente não tinha informação, a gente não tinha a menor chance de ter nenhum tipo de orientação. Vivi isso dentro de casa, e tenho certeza que essa é a realidade de milhões de brasileiros”, diz à Coluna GENTE.

 Maurício começou a trabalhar ainda cedo para ajudar no sustento de casa, aos 15 anos virou cobrador de Kombi – a realidade mudou quando começou a estudar Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). “No primeiro mês já comecei a estagiar para sair da Kombi. No final da faculdade não sabia inglês, me mudei para os Estados Unidos para dar aula de jiu-jitsu, aprendi inglês e voltei para o Brasil”, afirma.

O interesse pela área da saúde surgiu quando começou a trabalhar na área da saúde em uma consultoria, mas saiu da empresa um tempo depois. “Como eu tinha um background financeiro, fui convidado para ser CFO em um banco. Fiquei lá quatro anos, depois fui para XP, mas sempre com aquela visão de propósito de onde eu vim, o que eu queria fazer e como eu queria devolver aquilo para a população”, contou. Segundo Maurício, atualmente cerca de 800 mil pessoas no Brasil recebem diagnóstico errados, o que muitas vezes leva à morte. “No Brasil, a saúde pública é volume, massa. Quando a gente olha na porta de entrada, tem ineficiência no atendimento no agendamento. Tem diversas filas públicas que hoje você não tem priorização. Tem uma pessoa que está com gripe na frente de alguém que está com câncer de traqueia. É um câncer fulminante. A IA pode fazer essa parte também de uma forma muito mais barata e cobrindo muito mais gente”.

A ideia do projeto é auxiliar o médico na hora do atendimento, que muitas vezes, na correria, não dá atenção o suficiente para os pacientes. “Tenho um agente que está ajudando o médico, como se fosse um copiloto dele aqui. Através da inteligência artificial que escuta o que está sendo falado, ela toma uma ação, suportando as clínicas, os hospitais, os planos de saúde, a serem mais eficientes”, garante. Embora o plano ainda seja privado, cerca de 3 mil reais por agente para as clínicas e hospitais que contratam, o objetivo final é garantir que todos tenham acesso a saúde de qualidade.

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