A TV Globo prepara em sigilo remake de vários sucessos. Depois de Pantanal e agora Elas por elas, em breve chegam ao horário nobre Renascer, Vale Tudo e Irmãos Coragem. Mas a onda revival nas novelas da emissora tem, por trás, um cenário nada animador. É que faltam autores que empolguem à cúpula de teledramaturgia com ideias inspiradoras. Nem as tramas pré-aprovadas são certeza de que cheguem a ir ao ar. Tudo muda de acordo com o humor do momento. Em plena batalha para manter a audiência diante do crescimento do streaming no país, a emissora resolveu contra-atacar com produções que atingem em cheio o telespectador.
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A coluna ouviu Mauro Alencar, doutor em Teledramaturgia Brasileira e Latino-americana pela USP, além de consultor e pesquisador no tema, para comentar esta tendência atual. Para ele, os motivos são vários:
“Revisitar uma obra consagrada e apresentá-la com produção modernizada para novas gerações; fisgar o espectador por meio de sua memória emotiva (O que já vimos inúmeras vezes, pode tornar-se uma falácia)… Quem viu clássicos como as versões originais de Selva de Pedra, Gabriela ou Vale Tudo não precisa de mais nada. Já está emocionalmente preenchido para o resto da vida em termos de ficção. Destaco ainda a versão de Éramos Seis para o SBT e a leitura contemporânea de Pantanal na Globo. E vamos parando por aí. A outra questão, como aprendi com produtor mexicano e um dos pilares da Televisa, é que não está fácil encontrar novelistas de fôlego, criativos, com novas propostas. Isso em função de diversos motivos do quadro cultural contemporâneo. Então, muitas vezes aparentemente é mais fácil recorrer a um título de sucesso e que está no inconsciente coletivo. O Brasil, outrora celeiro de modernidade, poderia investir mais em histórias inéditas e dosar melhor a produção de remakes, lembrando que uma novela é sempre o retrato da época de sua produção”.