O rico material perdido pela Globo em incêndio de 1976 nos estúdios
Nos 60 anos da emissora, Mauro Alencar, consultor e doutor em Teledramaturgia da USP, recorda tenso episódio

Um incêndio de grandes proporções nos estúdios Globo marcou a história da emissora nestes 60 anos de trajetória. Em 1976, ocorreu o mais grave incêndio na história da emissora, que destruiu todo o parque eletrônico no prédio da empresa no Jardim Botânico, no Rio. Estima-se que havia 600 pessoas no local – algumas dezenas foram atendidas por ambulâncias – dez foram encaminhadas para o Hospital Miguel Couto. Já do lado de fora, formaram-se ‘cordões’ humanos para tentar resgatar materiais que pudessem ser salvos.
“Se perdeu ali grande parte da construção da identidade nacional, as novelas, por exemplo, que fazem parte da identidade nacional. Trabalhei por 30 anos na emissora e realmente muita coisa foi perdida no incêndio. Mas a Globo, como outras emissoras da época, apagou muitas fitas para que fossem usadas novamente. Penso que um pouco por falta de apreço à nossa história. Também porque o material de importação ficou caro”, diz Mauro Alencar, consultor e doutor em Teledramaturgia da USP.
Segundo informações publicadas pelo jornal O Globo no dia seguinte ao acidente, a causa teria sido a explosão de um computador de programação na sala de controle mestre de VT. Posteriormente, constatou-se também que o problema teria surgido por conta de um ar-condicionado. Dias depois, o jornal destacava que haviam sido perdidos 80 por cento dos números musicais do Fantástico, todos os Casos Especiais em preto e branco, 35 capítulos de O Espigão e alguns de Irmãos Coragem e Vila Sésamo. Além de materiais que sequer haviam ido ao ar. Mesmo assim, a programação da emissora foi mantida. Naquele dia, o Jornal Nacional foi transmitido de São Paulo.