Pai de Henry Borel revela bastidores do ‘Linha Direta’: ‘Muito triste’
Em conversa com VEJA, Leniel Borel acredita que programa é mais um capítulo pela justiça do filho
O Linha Direta desta quinta-feira, 18, reconstituiu a morte do menino Henry Borel, após uma tentativa de censura prévia pela defesa do ex-vereador Jairo Souza Santos Júnior, o Dr. Jairinho, acusado de envolvimento no caso. O episódio retoma a história de Henry, de quatro anos, morto no apartamento em que vivia com o padrasto, Dr. Jairinho, e a mãe, Monique Medeiros da Costa e Silva na Barra da Tijuca, Zona Oeste, do Rio de Janeiro, em março de 2021. O pai de Henry, Leniel Borel, conversou com a coluna sobre o episódio e relata sua luta por justiça e dor pela morte do filho.
Como você reagiu à tentativa de censura do programa por parte da defesa do Dr. Jairinho? Fiquei consternado com a decisão, uma censura prévia sem tamanho. Se você olhar a decisão do ministro Gilmar Mendes, não competia nem a ela fazer isso. É um absurdo. E quantos programas já não aconteceram? A própria Munique no Domingo Espetacular. A juíza já tinha autorizado Munique, na cadeia, dar depoimento para um jornal. Por que agora [censurar] um programa específico? É muito estranho. A verdade vai aparecer. Agora e no tribunal. E a defesa do Jairo é covarde como ele. Eles têm medo da verdade. Até hoje não sei o que aconteceu naquele apartamento, os dois não falam. Por quê? Porque se falarem, se incriminam. Eles têm medo que a verdade apareça.
Como foi gravar o programa? Assistiu previamente? Eu não assisti, estava ansioso para assistir hoje [quinta-feira, 18]. Falei a verdade, dei meu testemunho, o meu depoimento de tudo que vivi, tudo que sofri, do pós, do antes, a tristeza que é viver sem meu filho. É triste continuar sem ele. E hoje, ainda assim, ter que lutar todo dia por justiça… Olha a decisão da juíza. Estou convivendo com isso todo dia. A juíza colocou a Munique na rua, tirou ela de alguns crimes. A gente vê aí uma parcialidade da juíza, o que demonstra um certo receio com a Justiça a ser feita. Estamos falando de um caso bem fundamentado, altamente noticiado e acompanhado, investigado pela Polícia Civil. Tem toda materialidade no processo. Nós não vamos nos calar. Vamos fazer justiça. Eu como assistente de acusação e o promotor estamos empenhados para que a justiça seja feita.
No programa, você deu depoimento para Pedro Bial. Qual foi a reação dele, nos bastidores, ouvindo seu relato? Ele ficou muito chocado com o caso do meu filho. O Bial é pai, tem filho. E como pai, se sensibilizou com o que aconteceu. É muito difícil perder um filho. Eu não consigo expressar tamanha dor. Ficou emocionado com tudo isso, muito chocado com a brutalidade de como foi feito. São 23 lesões, meu filho foi brutalmente assassinado… Uma criança indefesa. E é muito triste falar de um pai para outro, mas foi um papo de pai para pai, de ser humano para ser humano.
O que representou este Linha Direta para o caso? É um pedido de justiça, de mostrar a verdade dos fatos. A verdade que Monique e Jairo e as defesas querem ocultar o tempo todo. Qual foi a dinâmica naquele apartamento, a brutalidade que fizeram, a participação dos dois? Ela só fala dela e não está nem aí para o que aconteceu com o filho dela. Um comportamento totalmente diferente do esperado de uma mãe. O programa contou com bastante gente, não só eu. O promotor do caso, as defesas, uma psicóloga falam sobre a reação de ambos, o meu advogado também… É mais um capítulo de justiça pelo meu filho.