A bela dos finais de tarde da Globo. Assim pode ser chamada Isadora Cruz, que dá vida a professora Candoca de Mar do Sertão, novela das 6 da emissora que vai chegando ao fim nesta sexta-feira, 16. Natural de João Pessoa, a atriz de 24 anos comemora que sua protagonista represente um avanço nas narrativas centradas no eixo Rio-São Paulo. Isadora decidiu esperar a personagem certa, recusando outros papéis até que surgisse uma com seu sotaque paraibano. Estava cansada de só interpretar papéis paulistas. Decisão mais do que acertada. Agora conquista elogios da crítica e dos telespectadores. A seguir, o bate-papo com a coluna.
Como foi trabalhar sem se preocupar com o seu sotaque na novela? Para mim é uma liberdade, me sinto super livre, solta em cena, não tem o perigo de escorregar. Pelo contrário, posso puxar o sotaque ainda mais em algumas palavras e carregar nas expressões. Muita gente de João Pessoa até diz que o meu sotaque está ainda mais forte agora por causa da novela. Eu vivo muito a personagem, é difícil separar.
Já teve problema com isso em outras produções? O sotaque sempre foi um problema, houve poucas histórias nordestinas contadas na TV. Não fazia muitos testes com meu sotaque. A maioria dos testes era para papéis de cariocas ou paulistas. Aos 19 anos, passei para ser protagonista de Malhação, a Pérola, que era paulista. Como tinha acabado de interpretar a Cris Miranda, em Haja Coração, também paulista, queria agora fazer uma que tinha o meu sotaque. E aconteceu!
Você morava nos Estados Unidos antes de voltar à Globo. Pensa em retornar para lá com o fim da novela? Morei dos cinco aos nove anos nos Estados Unidos, depois na França dos 16 aos 17, vim para o Rio dos 17 aos 19, e dos 19 aos 24 nos Estados Unidos. Pretendo atuar como atriz lá fora, mas acredito que o meu próximo projeto será aqui no Brasil. Não tenho nada fechado, mas feliz com os possíveis papéis. Quero continuar contando as histórias do meu Nordeste, representando a minha Paraíba, somos um povo muito rico de alma, cultura e arte. O Brasil tem que conhecer nossa arte, nossas raízes.
Que tipo de histórias pretende contar? Tem muitas vidas que eu quero viver. Quando se fala em histórias nordestinas, a primeira que tenho muita vontade de fazer é sobre o cangaço. Cresci ouvindo histórias de Maria Bonita e Lampião faz parte do meu imaginário, das minhas raízes, de quem eu sou. E eu sei que eu vou fazer ainda muitos projetos em inglês, mas não é minha prioridade, o mais importante é fazer personagens que me inspiram. Tenho vontade de fazer vilãs, mas com cautela, sou muito aberta energeticamente, e esse tipo de trabalho pode ser perigoso. A gente atrai pensamentos de baixa frequência.
Como nordestina, quais são suas maiores inspirações? Para começar na Paraíba, Ariano Suassuna, Zé Limeira, Augusto dos Anjos, Pedro Américo, Jackson do Pandeiro, Genival Lacerda, Kátia de França, Elba e Zé Ramalho, Chico Cesar…
Qual é o maior peso de ser protagonista de novela? É ter que estar bem todos os dias, de segunda a sábado, 11 horas por dia. Às vezes fico muito abalada com as cenas, a cada dia tenho entendido isso melhor, como entrar e sair das emoções e não me afetar. Por exemplo, quando a gente fez o enterro do Zé Paulino, na primeira fase da novela, passei o dia inteiro acreditando que o grande amor da minha vida tinha morrido. Acordei no dia seguinte mal. Não parava de chorar.
O que mudou desde a estreia? A falta de tempo! Hoje em dia mal respondo mensagens, não dou conta da quantidade de mensagens que recebo no Whatsapp.