José Carlos Martins é sócio de uma clínica em Blumenau especializada em transição de gênero. Para esse mercado, o médico é hoje o que Ivo Pitanguy representou para a cirurgia plástica. O local é o único centro do país a realizar a transição total (feminilização da face e do corpo, além da redesignação sexual). O processo todo chega a custar 150 000 reais. Há algumas semanas Martins lançou o livro Transgêneros: Orientações Médicas para uma Transição Segura.
Há muita demanda para transição? Há desde jovens que chegam acompanhadas por seus pais até juíza aposentada. Fazemos três operações por semana.
Qual é a mais comum? A de quem nasceu com sexo biológico masculino para a transição ao feminino. Esse tipo responde por cerca de 80% dos nossos casos.
Como é o procedimento? Fazemos duas cirurgias — uma para feminilização da face e do corpo e outra sexual. No rosto, o processo é muito agressivo: existe uma raspagem da testa, do maxilar e do pomo de adão. A coroa do cabelo também muda de lugar, para baixo, deixando a testa mais curta.
Publicado em VEJA de 26 de agosto de 2020, edição nº 2701