Sidney Sampaio: ‘Josué era um grande estrategista’
Ator terminou de gravar ‘A Terra Prometida’ e já está sendo cotado para um papel de destaque em ‘Apocalipse’
Por cerca de um ano e meio, Sidney Sampaio precisou manter barba e cabelos longos e se acostumou a usar armaduras, botas e lenços. O figurino e a caracterização ficaram para trás há algumas semanas, quando terminaram as gravações de A Terra Prometida, novela bíblica da Record que seguiu Os Dez Mandamentos. No papel de Josué, Sidney fez os dois folhetins, emendando um trabalho no outro. No mais recente, o profeta protagonizou a história, liderando os judeus em violentas guerras rumo à Terra Prometida.
Ao blog VEJA Gente, o ator fala sobre as novelas e defende seu personagem, um guerreiro um tanto sanguinário. “Os tempos eram outros, a guerra fazia parte do cotidiano dessas pessoas, eram momentos em que você matava ou morria”, diz. “Entendo que ele agia de acordo com a época e com o contexto histórico. Mas ele é, sim, um grande general, um homem da guerra, um homem que tem uma espada na mão, então é indiscutível e um fato histórico.” Sidney, porém, garante que seu profeta não age sem pensar. “A maior qualidade do Josué é pensar antes de agir, ele é um grande estrategista. Ele sempre pondera, avalia.”
A Terra Prometida deve ficar no ar até fevereiro ou março, segundo a Record. Por enquanto, Sidney não tem nenhum trabalho acertado, mas já está sendo cotado para um papel de destaque em Apocalipse, a próxima novela bíblica de Vivian de Oliveira, autora de Os Dez Mandamentos. O folhetim está na fila da emissora, que exibe antes disso O Rico e o Lázaro.
Confira a entrevista:
Josué parece bastante sanguinário para um herói bíblico. Você concorda? Os tempos eram outros, a guerra fazia parte do cotidiano dessas pessoas, eram momentos em que você matava ou morria. Entendo que ele agia de acordo com a época e com o contexto histórico. Mas ele é, sim, um grande general, um homem da guerra, um homem que tem uma espada na mão, então é indiscutível e um fato histórico.
Qual a maior qualidade de Josué? E o pior defeito? A maior qualidade do Josué é pensar antes de agir, ele é um grande estrategista. Ele sempre pondera, avalia. E um defeito de Josué… ficou difícil aqui (risos). Acho que seria o fato de ele querer proteger tudo e todos o tempo inteiro, talvez isso em algum momento não seja tão positivo assim.
Trabalhar em ‘Os Dez Mandamentos’ e em ‘A Terra Prometida’ de alguma maneira mudou a sua fé? Você é religioso? Eu sou um homem religioso sim, venho de uma família muito religiosa. Com certeza estar fazendo parte dessas novelas bíblicas reforçou a minha fé e ajudou a fortalecer essas crenças.
Qual foi a cena mais emocionante que você gravou nas novelas bíblicas (tanto em Os Dez Mandamentos quanto em A Terra Prometida)? Em Os Dez Mandamentos, a cena em que Moisés (Guilherme Winter) se despede da gente, dizendo que eu serei o sucessor dele, foi muito forte, tenho um carinho especial por ela. E em A Terra Prometida, a queda das muralhas de Jericó foi muito importante, até por ter sido a primeira vitória de Josué. Mas a cena que mais me comoveu foi a que o exército perdeu a batalha contra o Reino de Ai na primeira vez, toda a sequência foi muito bonita e bem forte. É difícil falar somente de uma cena, porque cada uma é um filho.
Como foi a gravação das cenas da queda das muralhas de Jericó? Como é interagir com efeitos especiais? Foi muito incrível gravar a queda das muralhas de Jericó, trabalhamos em vários lugares, tanto na cidade cenográfica da Casablanca, como em locações fora. Foi muito divertido interagir com os efeitos especiais. Mesmo sendo uma grande batalha, foi uma grande “brincadeira”, os meninos ficaram empolgados com cavalos, espadas. A filmagem reuniu muitos profissionais competentes, tudo feito com muito capricho para atingirmos o melhor resultado.
Antes de trabalhar na Record, você fez parte do elenco da Globo. Quais são as diferenças de trabalhar nas duas emissoras? São duas grandes emissoras de televisão. Todas as produções que fiz na Globo eu levo com muito carinho, foram papéis importantíssimos para o desenvolvimento da minha carreira. Eu não vejo grandes diferenças, mas talvez a Globo tenha dimensão diferente, e isso dê a ela um aspecto mais empresarial. A Record tem um núcleo mais concentrado, denso, coeso. Isso é uma impressão, digamos, sobre as primeiras camadas, porque em essência são duas grandes empresas que realizam muito bem aquilo que se propõem a fazer.
Há uma piada recorrente – e que até o Fabio Porchat, que é da Record, fez – de que as pessoas “somem” quando vão para a emissora (“morreu ou está na Record?”). O que acha desse tipo de comentário? (Risos) Acredito que eu já seja sumido independente de onde eu esteja, sou muito reservado. Amo o que eu faço, mas confesso que não me sinto realizado com a super exposição. Sou muito agradecido ao meu público, eu trabalho para ele, mas prezo pela minha individualidade, pela minha vida, pelo meu tempo. Eu até acho divertida a brincadeira, só não concordo com ela, pois a Record tem um trabalho muito expressivo, que atinge inúmeras pessoas no Brasil e mundo afora. É uma grande brincadeira, sim, talvez a Globo também tenha umas estratégias diferentes para os trabalhos e acabe ganhando mais exposição. E a Record, por uma concorrência natural de mercado, acaba sendo mais reservada. Mas acho que se eu estivesse na Globo, seria também mais complicado para terem a super exposição do Sidney, porque eu realmente zelo para que isso não aconteça.
Acha que a hegemonia da Globo tem data para terminar? O mundo hoje é muito mais democrático. As pessoas estão cada vez mais se manifestando em canais, no YouTube, na internet, isso tem favorecido essa variedade audiovisual. Então acho que a tendência é que a gente tenha um universo de show business cada vez mais democrático.
Você emendou uma novela na outra. Está cansado? É cansativo. Por mais que eu esteja feliz e super realizado, o corpo sente, é um trabalho que exige muito do físico e mental.