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Kent Nagano rege no Brasil e procura família desaparecida

O maestro nipo-americano comanda a Sinfônica de Montreal em récitas em São Paulo e no Rio, fala de seus mestres musicais e revela seus laços com o país

Por Sérgio Martins Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 2 out 2019, 14h30 - Publicado em 1 out 2019, 16h54

O regente nipo-americano Kent Nagano, de 67 anos, encerra a entrevista para VEJA com uma informação importante. Sua nova temporada pelo Brasil, país que visita com assiduidade desde 1976, será essencial para reconectar seus laços familiares. Ele revela que a irmã de sua avó, que tinha o sobrenome Tsunoda, migrou para São Paulo muitos anos atrás. Ela adotou o sobrenome do marido, o qual Nagano não se recorda, e ele acabou perdendo contato com seus descendentes. “Cheguei a encontrá-los décadas atrás, mas não me lembro do sobrenome que usam hoje”, diz ele, em entrevista à VEJA. “Tento descobrir o paradeiro deles toda vez que venho ao Brasil.” Nagano está aqui para três récitas: duas em São Paulo (terça, dia 01, e quarta, dia 02 na Sala São Paulo), na temporada da Cultura Artística, e uma no Rio (quinta, dia 03, no Theatro Municipal), na temporada da Dell’Arte. O regente traz um repertório com obras de Mozart, Brahms, Bartok e Mahler, com solos das violinistas Alexandra Soumm (em São Paulo) e Simone Lamsma (no Rio). Os concertos fazem partem da turnê de despedida do regente à frente do grupo sinfônico, que comandou por treze anos. “Houve um grande aprimoramento na orquestra. Passamos a privilegiar a música do século XX e conseguimos rejuvenescer o público que ia aos concertos”, regozija-se.

Nagano é um sujeito de múltiplas qualidades. Ex-pupilo de Leonard Bernstein (1918-1990) e de Pierre Boulez (1925-2016), ele assimilou as qualidades desses personagens, gênios do pódio do século XX. “Grandes maestros, pensadores e pedagogos”, diz. A exemplo de Bernstein, Nagano equilibrou sua carreira no pódio com aulas de introdução ao universo erudito. Ele lançou a série de DVDs Classical Masterpieces, na qual explica e rege obras de Mozart, Brahms e Bruckner, entre outros autores desse mundo. O maestro também lançou um livro, Classical Music: Expect the Unexpected, no qual explica a importância da música erudita na formação do ser humano. Como regente, contudo, ele está mais para o gestual econômico e cerebral de Boulez do que os gestos largos de Bernstein. “A música de Leonard Bernstein era mais melódica e da Boulez mais performática. Mas ambos são importantes. Até hoje eu me deparo com ensinamentos de décadas atrás. Aquele momento em que estou à frente de uma orquestra ou de uma obra e penso: “Era isso que eles queriam me dizer!” No ano passado, ele repensou uma obra de Bernstein, a qual se refere como o “Leonardo da Vinci do mundo erudito”. Nagano registrou A Quiet Place, ópera do autor de West Side Story. “Fizemos uma versão com orquestra reduzida, quase uma música de câmara.”

Uma das características que Kent Nagano mais assimilou de Bernstein e Boulez foi seu papel como divulgador da música do século XX. O maestro comandou obras do austríaco Arnold Schoenberg (1874-1951), do francês Olivier Messiaen (1908-1992) e do americano John Adams. Nagano estreou várias obras de Adams, entre elas o oratório El Niño e a ópera Death of a Klinghoffer. Uma grande polêmica paira sobre essa última. Ela trata do assassinato de um turista judeu por um grupo de terroristas palestinos. O libreto por vezes soa simpático à causa palestina e tenta suavizar o ato de crueldade dos criminosos. O maestro evita polêmica, mas chama atenção para a atualidade da obra. “Sabíamos que o texto poderia causar polêmica mas acho que era uma peça tão profunda e importante demais para ser ignorada. Um dos últimos trabalhos de Nagano com a Sinfônica de Montreal foi o lançamento de um álbum com as obras do autor americano. Até rock Nagano regeu. Em 1983, liderou a Sinfônica de Londres num álbum com as obras do roqueiro Frank Zappa (1940-1993). “Fiquei impressionado ao saber que Boulez tinha gravado um disco com as composições dele. E posso dizer que foi uma das obras mais originais com as quais eu me deparei.”

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https://www.youtube.com/watch?v=HA9XrWpLalw

O maestro é casado com a pianista japonesa Mari Kodama. O casal tem uma filha, a também pianista Karin Kei Nagano, que tem uma carreira ascendente no universo erudito. “E sabe de uma coisa? A melhor amiga dela é brasileira e vai se casar aí no ano que vem. Karin, óbvia, foi convidada e irá conhecer o país”. Realmente, é especial a ligação de Kent Nagano com o Brasil.

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