Duas imagens que mostram golfinhos sendo arremessados para fora do mar tomaram as redes sociais esta semana – e deixaram muitos amantes dos animais em alerta. Elas mostrariam, segundo os posts na internet, os golfinhos sendo arrancados do mar por causa do furacão Dorian, que chegou nesta semana aos Estados Unidos. Seria preocupante, não fossem as fotos meras montagens.
Os golfinhos não existem nas fotografias originais. Além disso, as imagens datam de mais de dez anos atrás e representam furacões diferentes: a primeira foi publicada pela BBC em 2004, ilustrando as consequências do furacão Frances na costa da Flórida, Estados Unidos; já a segunda foi divulgada pela Marinha americana em 2005 para mostrar a força do furacão Dennis em Key West, cidade também localizada na Flórida.
O oceanógrafo físico Carlos Teixeira, professor do Instituto de Ciências do Mar da Universidade do Ceará, afirma que um furacão não conseguiria arremessar um animal. “Um furacão é monstruoso, mas não se movimenta rápido. Ele não é uma centrífuga, que suga e arremessa, como muita gente pensa”, diz. Teixeira explica que o furacão Dorian tem ventos de 300 quilômetros por hora, mas ele se desloca a 5 quilômetros por hora. As mortes humanas provocadas por um furacão são em sua maioria por afogamento, segundo ele, já que a força dos ventos faz o nível do mar aumentar.
O professor afirma que animais aparecem mortos nas praias e ruas após as tempestades por terem acompanhado o nível da água. “O retorno do mar é muito mais rápido do que a enchente, então eles acabam ficando presos e não acompanham a volta do nível ao seu normal.”
Teixeira explica que outro fenômeno, o tornado, é capaz de funcionar como uma centrífuga, arremessando pequenos animais — por ter dimensões menores, ser veloz e formado em terra, não no oceano, como o furacão. Teixeira afirma que tornados chegam a ser mais perigosos por sua imprevisibilidade e velocidade. “Se um tornado passar por cima de um lago, pode sim chover peixe”, diz.